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Lula sobre diplomacia: "sou baixinho, mas povo brasileiro não é"

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender nesta quarta-feira (31) a mediação do Brasil em conflitos internacionais, como no impasse entre árabes e israelenses ou nas negociações sobre o programa nuclear do Irã, e disse que a participação do governo brasileiro não reflete posições de "amizade", e sim manifestações de interesses políticos.

"Pelo meu jeito de ser, pacífico, tranquilo, amigo de todo mundo, abraço o Obama (Barack Obama, presidente dos Estados Unidos) e o Chávez (Hugo Chávez, presidente da Venezuela), cumprimento o Sarkozy (Nicolas Sarkozy, presidente da França) e o Ahmadinejad (Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irã). Um chefe de Estado não escolhe amizades, discute interesses. Não é questão de amizade. E tem gente que se incomoda: 'que baixinho metido, será que ele não se enxerga?'", disse o presidente Lula ao dar posse a dez ministros de Estado.

"Sou baixinho, mas o povo brasileiro não é. O povo brasileiro não é. Não aceitamos a supremacia de uma nação sobre a outra, dos que têm dinheiro contra os que não têm, dos que acham que em uma outra geopolítica são os donos da decisões mundiais", condenou Lula.

O presidente Lula defendeu, em visita ao Oriente Médio, que o Brasil tinha "credenciais" suficientes para atuar na busca de uma solução de paz entre árabes e israelenses.

O diretor político da chancelaria de Israel, Rafael Barak, chegou a enviar recados ao Brasil de que o conflito entre Jerusalém e os territórios palestinos ocupados deve ser conduzido por meio de uma "negociação direta", "uma negociação de um para um, sem mediações".

Opositor da posição dos Estados Unidos de tentar aplicar sanções ao governo do Irã por desenvolver um programa nuclear considerado duvidoso, o Brasil também defende a tese de que a adoção de penalidades contra Teerã pode ser completamente contraproducente.



Marco Aurélio: Brasil não está em cima do muro

Ainda nesta quarta-feira, o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, afirmou que o País "não está em cima do muro" sobre um posicionamento mais forte em questões como o programa nuclear iraniano e a situação de presos políticos em Cuba.

"Não queremos ser seletivos. Precisamos saber como tratar isso, se fizermos uma declaração estrepitosa (escandalosa), vamos ser aplaudidos, mas não vamos obter nenhum resultado concreto, pelo contrário. Não nos omitimos, mas temos que saber como dosar e como contribuir a longo prazo", disse.

Ao participar de entrevista a emissoras de rádio durante o programa Brasil em Pauta, Marco Aurélio explicou que a estratégia brasileira é de não intervir em assuntos internos de outros países e que isso é válido para Cuba, China e qualquer outra nação onde haja denúncias sobre violação de direitos humanos.

"Achamos que a melhor maneira de intervir positivamente não é soltando foguete. A tendência normal do País é reagir, se enclausurar e não dar atenção a isso", afirmou, ao citar como exemplo o embargo econômico imposto pelos Estados Unidos a Cuba. "Aquilo que os Estados Unidos queriam lograr com isso não conseguiram, pelo contrário, conseguiram simplesmente uma retração maior do governo cubano. Achamos que são muito mais úteis negociações discretas", disse.

Sobre a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Irã em maio, Marco Aurélio afirmou que será cobrada a submissão iraniana às verificações da Agência Nacional de Energia Nuclear. Lula deve pedir ainda maior participação do País para a solução de conflitos no Oriente Médio.

Clique aqui para ouvir o áudio da entrevista com Marco Aurélio Garcia.

Com agências