Manaus homenageia ditadores 46 anos após golpe militar

Há exatos 46 anos, o aparato militar brasileiro se voltava contra a nação e contra os próprios brasileiros. Em 31 de março de 1964, se iniciava os levantes que, no dia seguinte, instalaria os governos militares que duraram 21 anos. Ao longo desse tempo, repressão, censura e o aniquilamento dos direitos fundamentais dos homens foi regra no país. Apesar disso, Manaus ainda homenageia nomes e datas que são sinônimos de terror.

Quem chega em Manaus vindo de outros estados ou países desembarca no aeroporto Eduardo Gomes. Inaugurado em 1976, durante a Ditadura Militar, o nome do ponto de embarques e desembarques de aeronaves homenageia o brigadeiro da Aeronáutica que esteve entre os principais responsáveis pela mobilização que derrubou o governo democrático de João Goulart.

Célebre por sua participação no movimento golpista, Eduardo Gomes serviu aos interesses das elites brasileiras muito antes de contribuir para a instalação da Ditadura. Nos anos de 1945 e 1950, foi candidato à presidência da República pela organização direitista União Democrática Nacional (UDN).

Devido à influência do “pai dos pobres” Getúlio Vargas, foi derrotado em ambas as ocasiões. Primeiro pelo ministro da Guerra de Vargas, Eurico Gaspar Dutra. E, em seguida, pelo próprio Getúlio.

Direitista convicto, liderou as ações que pediam a deposição de Getúlio Vargas, em 1954. Colaborando, dessa forma, com Carlos Lacerda.

Na biografia de Eduardo Gomes, no entanto, constam tentativas de participar de organizações patrióticas que buscavam ajudar o povo brasileiro. Chegou a ser preso, por exemplo, quando tentava integrar a Coluna Prestes. Grande movimento liderado por Luís Carlos Prestes que pretendia focar as ações do governo naqueles que não eram assistidos por esse.

Apesar disso, a maior parte de sua vida foi à serviço das elites.

Conjunto residencial 31 de março

Quem sai do aeroporto Eduardo Gomes tem a opção de residir no conjunto 31 de março. Construído pela antiga Companhia Habitacional do Amazonas (Cohabam), órgão que geria a política de habitação do estado, o conjunto foi inaugurado em 1970 como uma grande homenagem a data em que os militares haviam tomado de assalto o comando político do Brasil.

Situado na zona sul de Manaus, carrega até hoje, em seu nome, uma afronta aos moradores do local e da cidade como um todo. Tal qual fizeram os militares entre os anos de 1964 e 1985.

De Manaus,
Anderson Bahia