Soldados do Exército se vangloriam da repressão no Araguaia

“Brasil, 1973. No Araguaia, operações, missões contra a guerrilha Xambioá. Que a infantaria foi defender nossa soberania”. Com essa palavra de ordem, soldados da Companhia de Comando e Serviço (CCS) do Exército correm pelas ruas do centro de Manaus na contramão do regime democrático restabelecido no Brasil há 25 anos.

Nas frases entoadas pelos soldados do Exército, há uma clara reafirmação do papel repressor assumido por tal força armada nos anos da Ditadura Militar. Subliminarmente, enaltece as ações do Exército durante a Guerrilha do Araguaia, organizada pelo PCdoB, e na qual centenas de pessoas foram assassinadas.

Estado anistia guerrilheiros e demais vítimas da Ditadura

A Comissão da Anistia, ligada ao Ministério da Justiça, já anistiou vítimas que resistiram as ações repressoras daquela época e indenizou familiares de outros que não sobreviveram.

Semana passada, durante as comemorações do aniversário de 88 anos do PCdoB, Dinaelza Coqueiro foi anistiada em caráter post mortem. Guerrilheira no Araguaia, Dinaelza foi morta pelos militares em 1974. Sua mãe Junilia Soares Santana (90), recebeu a indenização paga pelo estado.

Na ocasião, Maurício Grabois também foi anistiado. Um dos principais líderes da guerrilha, Grabois foi morto, segundo relatos, em 1973, e constava até então dentre outros desaparecidos políticos. Seu corpo jamais foi encontrado.

A família exigiu apenas a condição de anistiado, rejeitando a indenização.

Familiares de Angelo Arroyo também receberam o pedido de perdão do Estado e a anistia deste que foi assassinado no episódio conhecido como Chacina da Lapa, onde Pedro Pomar também foi morto.

Apesar disso, a opinião pública ainda não se convenceu que os anos de regime militar foram danosos para a sociedade. E esta ainda constata soldados se vangloriando dos corpos tombados no Araguaia.

De Manaus,
Anderson Bahia