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Polícia americana teria cota de 400 mil deportações por ano

No ano fiscal de 2009, o ICE – a polícia de imigração americana – deportou 387.790 pessoas , num aumento em relação ao último ano do governo Bush, quando 264.503 imigrantes tiveram que retornar aos seus países.

O alto índice (crescimento de 50%), porém, parece que não satisfez as autoridades federais: a agência teria estabelecido uma cota de 400 mil deportações para o ano de 2010, segundo o jornal The Washington Post.

O diário, em uma polêmica reportagem, afirmou que o objetivo da atual administração é focar seus esforços em indocumentados com histórico de violência e ficha criminal na Justiça, para incrementar os números.

O tema gerou polêmica no ICE. Apesar das indicações e de um documento obtido pelo jornal, em que o diretor da agência, James M. Chaparro, reclamou da queda no número de deportações, as autoridades federais não admitem o estabelecimento de cotas.

Segundo o chefe do ICE, John T. Morton, e a secretária do Departamento de Segurança Nacional, Janet Napolitano, não há um número de remoções a ser cumprido, mas o governo está empenhado em garantir o bem-estar da comunidade e para isso quer expulsar os maus elementos.

No entanto, é difícil contestar as palavras de Chaparro. Em determinado trecho de um e-mail, por exemplo, ele até apresenta algumas medidas para que o número de deportações volte ao patamar desejado: “Vamos investigar nas prisões do país se há algum indocumentado entre os detentos, oferecendo a eles a possibilidade de uma redução na pena em troca da deportação”, sugeriu o diretor na mensagem obtida pelo Washington Post.

O porta-voz do ICE, Brian Hale, minimizou as declarações e disse que algumas frases foram apresentadas fora do contexto e que certamente não estavam em linha com as diretrizes da agência.

Tanto que Chaparro foi obrigado a emitir um novo comunicado, esclarecendo sua posição. Mesmo assim, ele destacou que o trabalho dos agentes deve ser incansável.

Segundo um oficial do ICE, o número de deportações neste ano fiscal caiu em virtude das dificuldades de remoção de criminosos. Um indocumentado que está na prisão, por exemplo, só é retirado do país depois de 45 dias, pois o processo é mais complexo – um imigrante sem ficha suja na Polícia não demora mais do que 11 dias para ser deportado.

Mesmo com todo esse panorama, os republicanos ainda reclamam da atuação do ICE. O deputado Harold Rogers, do Kentucky, criticou o trabalhos dos agentes, alegando que o foco nos criminosos não pode atrapalhar a ação contra os indocumentados que atravessam a fronteira todos os dias.

"Tudo indica que a busca por imigrantes que também descumpriram a lei está sendo negligenciada sob uma capa de prioridade aos que têm ficha na polícia e acho que isso não é certo”, disse o parlamentar.

Voltando à questão das cotas, há quem defenda a medida. Joan Friedland, diretor do National Immigration Law Center, acredita que o número a ser alcançado é uma motivação para os agentes.

No entanto, um dos policiais do ICE não concorda. “Nosso trabalho é para garantir a segurança do país e acho que as cotas podem desvirtuar essa missão”, disse o agente, que preferiu não se identificar.

No governo Bush, o ICE divulgou que a cota anual havia sido aumentada de 125 para mil deportações em 2006. No entanto, na atual administração, o sistema foi banido, pelo menos nas palavras de seus diretores.

Fonte: AcheiUSA