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RS: Para promotores, morte de secretário foi encomendada

Um mês e quatro dias depois que o secretário de saúde de Porto Alegre, Eliseu Santos (PTB), morreu atingido por um tiro no coração, o caso sofreu uma reviravolta. Denúncia encaminhada quinta-feira (1/4) à Justiça, pelo Ministério Público Estadual, indica que a morte de Eliseu foi conseqüência de um complô e não de uma simples tentativa de assalto mal sucedida, como concluiu a polícia gaúcha.

A peça acusatória assinada por quatro promotores – Lúcia Helena Callegari, Eugênio Paes Amorim, Jorge Alberto Alfaya e André Gonçalves Martínez – envolve oito pessoas e afirma que Eliseu foi executado sob encomenda “para assegurar a impunidade em outro crime”.

Eliseu Pompeu Gomes, Fernando Júnior Treidkrol e Marcelo Dias Souza – todos presos e todos assaltantes — teriam sido contratados para eliminar o secretário. O emprego de ladrões de carros na ação deveria despistar a polícia. Que, aliás, acabou deduzindo que tudo não passara de mais um latrocínio, hipótese que ainda mantém. Os mandantes seriam os empresários Jorge Renato Hordoff de Mello e Marcelo Machado Pio, detido ontem por ordem da juíza Elaine Maria da Fonseca. Sócios da empresa de vigilância Reação, eles teriam entrado em conflito com o então secretário de Saúde no bojo de uma denúncia de cobrança de propina à prestadora de serviço da Prefeitura de Porto Alegre.

Os dois empresários tinham uma relação muito próxima com o então coordenador da assessoria jurídica da Secretaria Municipal de Saúde, Marco Antônio de Souza Bernardes que, segundo o empresário Mello, pedia propina à empresa. O empresário relatou ter ouvido de Bernardes que o dinheiro solicitado serviria para engordar o caixa de uma possível campanha de Eliseu Santos para deputado federal. Mello, inclusive, gravou imagens das reuniões com o homem de confiança de Eliseu. Em entrevista à TV Record, o empresário declarou que Bernardes afirmava que “o ajutório” serviria “para vocês (a empresa) terem uma boa vida junto à secretaria”.

Na época, Eliseu classificou a acusação como “um absurdo”, prometeu processar quem tivesse usado indevidamente o seu nome, abriu uma sindicância na secretaria e o assessor foi demitido. A Reação, que fazia a segurança dos postos de saúde de Porto Alegre, foi afastada da atividade no fim de 2009 e teve que fechar suas portas. Marcelo Pio negou qualquer vinculação com a execução do secretário. Alvo de um mandado de prisão, Mello não havia sido encontrado pela polícia até o começo da noite.

Marco Antônio Bernardes, o ex-assessor de Eliseu Santos na Secretaria da Saúde, também foi denunciado, além de Robinson Teixeira dos Santos — supostamente o motorista do carro que conduziu os matadores ao local onde se deu o assassinato – e a auxiliar de enfermagem Janine Bitello, que fez curativos em um dos executores de quem seria amiga.

Eliseu Santos, 63 anos, foi morto ao sair de um culto evangélico no começo da noite de 26 de fevereiro. A nova versão sobre os motivos da sua execução transcende o interesse das páginas policiais e, agora, deve repor a Prefeitura da capital no centro das atenções. Em ano eleitoral, abre um flanco na gestão do então prefeito e agora candidato a governador, José Fogaça, do PMDB.

Fonte: Brasília Confidencial