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EUA inauguram mais uma base militar em Honduras

O presidente das Honduras, Porfírio Lobo e o embaixador dos Estados Unidos no país centro-americano, Hugo Llorens, inauguraram, nesta quinta-feira (08/04), as instalações de uma base naval financiada pelos estadunidenses, supostamente criada para combater o narcotráfico na região.

A base de Caratasca, no departamento (estado) de Gracias a Dios, no nordeste de Honduras, fronteira com a Nicarágua, consiste em uma estrutura de edifícios, um centro de operações e um porto, avaliada em dois milhões de dólares.

Os presidentes afirmaram que a base ficará sob coordenação da Marinha hondurenha, porém, será assessorada por oficiais do Comando do Sul dos EUA – organização militar ligada ao Departamento de Defesa estadunidense e responsável pelas operações de Washington na América Latina.

Os EUA já instalaram em Honduras a base aérea Coronel Soto Cano, em Palmerola, no departamento de Comayagua, com capacidade para a aterrissagem de aviões de grande porte. Trabalham na instalação cerca de 600 funcionários estadunidenses.

Em 1981, quando foi ativada pelo governo Reagan, ela foi usada como base de operações para os “Contra”, forças paramilitares treinadas e financiadas pela CIA, encarregadas de executar a guerra contra os movimentos esquerdistas na América Central particularmente contra o governo sandinista da Nicarágua.

Na administração do ex-presidente Manuel Zelaya, deposto por meio de um golpe de Estado em junho de 2009, foi cogitada a possibilidade de desativar a base para transformá-la em um aeroporto civil. As autoridades afirmavam que Toncontín, o aeroporto internacional de Tegucigalpa, era pequeno demais e incapaz de lidar com os grandes aviões comerciais. O embaixador estadunidense em 2006, Charles Ford, foi contra a idéia, porém, ficou definido que em substituição seria criada uma base na fronteira com a Nicarágua, como a de Caratasca.

Segundo o jornal hondurenho Tiempo, Lobo agradeceu o governo dos EUA pelo “magnífico aporte” feito e disse que é importante “o comprometimento estabelecido para reforçar os mecanismos que garantam um melhor controle sobre o narcotráfico, que tanto castiga Honduras”.

Em 2009 foram apreendidos em Honduras mais de 13 mil quilos de cocaína e se registraram 50 tentativas de aterrissagens de aviões identificados como pertencentes ao tráfico de drogas e 300 casos por via marítima.

Lobo foi eleito presidende em eleições consideradas ilegítimas por grande parte da comunidade internacional, já que realizadas sob um governo golpista, que destituiu o presidente constitucional, Manuel Zelaya. Os Estados Unidos foram dos poucos países que endossaram a disputa.

Resistência

Também nesta quinta-feira a Frente Nacional de Resistência Popular contra o Golpe de Estado de Honduras enviou uma carta à OEA (Organização de Estados Americanos), pedindo que intervenha pela restauração da democracia e da ordem institucional no país centro-americano.

Desde que Lobo assumiu, em 27 de janeiro, foram cometidos mais de "dez assassinatos políticos", expressou a organização ao secretário-geral da OEA, José Miguel insulza. Segundo a Frente Nacional de Resistência, as pessoas assassinadas "por sicários hondurenhos", que foram acusadas de serem supostos paramilitares colombianos, eram na verdade dirigentes sindicais, professores, camponeses e militantes políticos.

Ainda no texto, o grupo denunciou que Lobo prega o "discurso do diálogo e da reconciliação", mas seu regime continua com "as mesmas posições da ditadura" de Micheletti, "incorporando os rostos visíveis do golpe de Estado".

Em um trecho da carta, a frente também pediu o retorno de Zelaya, atualmente exilado na República Dominicana, assim como a visita da CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos), para que esta "verifique as recorrentes e seletivas violações" registradas no país e "a falta de paz política".

Com Opera Mundi