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40 horas já: atos pela redução da jornada chegam à porta da Fiesp

Em manifestação promovida por centrais e entidades sindicais nesta terça-feira (13), mais de 2 mil trabalhadores foram às portas da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na Avenida Paulista, para pressionar os empresários a aceitarem a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais. Lideranças montaram barracas para acampar no local até terem uma resposta à pauta protocolada pelas centrais na Fiesp em 12 de março.

40 horas já

O ato — que teve apoio da Força Sindical, da CTB e da CGTB — faz parte de uma ampla ofensiva do sindicalismo em busca da redução da jornada. Além das palavras de ordem dirigidas à Fiesp, os trabalhadores também criticaram os deputados — que resistem em pôr a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) das 40 horas em votação na Câmara Federal.

Para Onofre Gonçalves, presidente da CTB-SP, está mais do que na hora de adotar a medida, em vigor em diversos países. “A redução da jornada vai trazer mais qualidade de vida ao trabalhador, além de gerar novos postos de trabalho no mercado", declarou. Segundo estudo do Dieese, uma jornada de 40 horas semanais criaria cerca de 2,5 milhões de empregos no país.

“Faz um mês que entregamos aqui na Fiesp a pauta reivindicando a diminuição das horas trabalhadas — mas os empresários não querem negociar", denunciou o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho. De acordo com ele, os empresários vêm pressionando os parlamentares para não votarem a PEC que estabelece a jornada menor, no Congresso Nacional.

A tônica dos discursos dos sindicalistas foi a de que todos setores da sociedade sairão ganhando com a redução da jornada. A PEC que institui as 40 horas tramita no Congresso desde 1995 e prevê também aumento no valor da hora extra de trabalho dos atuais 50% para 75%.

Alguns sindicalistas defenderam greve geral. Antonio de Souza Ramalho, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil, propôs um dia nacional de luta pelas 40 horas. “Se a gente parar o Brasil, aí os patrões sentam para negociar com o movimento sindical.

Segundo o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, Pedro Nepomuceno, os trabalhadores querem a abertura de negociação com o presidente da Fiesp, Paulo Skaf. A ideia é fechar acordos setor a setor para a redução de jornada. "Isso não vem acontecendo", disparou Nepomuceno. “Vamos manter um acampamento aqui até que o Paul Skaf nos receba para uma abertura da negociação.”

Esse tipo de mobilização dos trabalhadores para a redução da jornada não é nova. No período do Getúlio Vargas, os trabalhadores conseguiram reduzir a jornada diária para oito horas, totalizando 48 horas semanais. Na Constituinte de 1988, houve nova redução — desta vez, para 44 horas.

Com carro de som e gritos de guerra por “redução já!”, os manifestantes responderam “sim” ao serem questionadas se concordariam em iniciar uma greve para exigir menos tempo de trabalho diário.

O presidente da Câmara, Michel Temer, chegou a propor uma jornada de 42 horas, reduzida de forma gradual, com compensação aos empresários por meio de incentivos fiscais dados pelo governo. Mas ainda não há nenhum acordo.

Da Redação, com agências