Publicado 14/04/2010 08:30 | Editado 04/03/2020 16:33
O médico Marco Penaforte, presidente do PSDB no Ceará, pode não ter votos, como realmente não tem; pode não ter liderança,como realmente não tem, pois quem manda e dá a palavra final no ninho tucano no Ceará é o senador Tasso Jereissati, mas se mantiver a palavra pode-se dizer que ele tem coerência política e ideológica.
Há quem diga que nada mais parecido com um tucano que um petista. Mas a partir da eleição e posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na presidência da República a prática mostrou que, do ponto de vista administrativo, os projetos de governo são diametralmente opostos.
Enquanto os tucanos quebraram o Brasil três vezes em meio a crises localizadas em alguns países, o governo Lula foi o último a entrar e o primeiro a sair da maior crise global do capitalismo depois de 1929, e hoje é apontado como modelo a ser seguido, notadamente pelos países emergentes.
Está no DNA dos tucanos o entreguismo, o Estado mínimo, a entrega do patrimônio nacional a preço de banana, a precarização do trabalho, o endeusamento do mercado, a criminalização dos movimentos sociais, notadamente do MST, a extrema subserviência ao império do Norte, enfim a traição nacional.
Já no governo do presidente Lula, no que pese a timidez da reforma agrária, a política cambial que impede a competição dos nossos produtos no mercado externo e a exorbitância dos juros que trava o desenvolvimento econômico, não há termos de comparação com o desgoverno tucano-pefelista que foi uma verdadeira tragédia nacional.
Na política externa, a distância entre os dois governos é abissal. No desgoverno neoliberal tucano-pefelista nada era feito sem que antes o Coisa Ruim telefonasse para a Casa Branca para saber se o presidente Bill Clinton concordava ou não. A subserviência tucana ao império do Norte é de dar inveja ao maior dos entreguistas. Já com relação ao governo do presidente Lula, o complexo de vira-latas foi enterrado e a defesa da soberania nacional devolveu a auto-estima aos brasileiros.
Aqui no Ceará, setores do PT, liderados pelo ex-deputado estadual e ex-prefeito de Quixadá Ilário Marques, namoraram os tucanos num passado não muito distante, porém foram desautorizados pela executiva nacional do partido. Mas hoje, a quase totalidade das tendências petistas abomina qualquer aproximação com o demotucanato, e a prefeita de Fortaleza e presidente estadual petista, Luizianne Lins, já declarou que o seu partido estará fora de uma aliança em torno do governador Cid Gomes se o senador Tasso Jereissati estiver nesse arco.
Como bom comunista arrependido, o presidente estadual tucano mantém distância de qualquer partido de esquerda e deu o seu recado no último domingo declarando que descarta apoio ao governador Cid Gomes se o PT estiver na chapa. Nisso ele mantém sua coerência e por isso merece respeito. Mas manterá a posição se o dono do partido insistir na aliança com Cid Gomes para garantir a sua reeleição?
O ideal é que o PSDB lance candidatura própria ao governo do Ceará como defende o deputado Cirilo Pimenta e outras lideranças tucanas. Melhor ainda se o candidato for Tasso Jereissati. Assim garantiria palanque para o presidenciável José Serra que, como boi no matadouro, foi tangido para o sacrifício para representar a direita nas eleições de três de outubro próximo.
José Serra resistia deixar o governo paulista pois sabia que tinha uma reeleição praticamente certa, e uma derrota praticamente certa na disputa para presidente da República. Contudo os editoriais dos jornalões e as notas dos colonistas e demais amestrados, e ainda o reforço da manipulação da pesquisa Datafolha que inverteu a tendência de queda dele e de subida da ex-ministra Dilma Rousseff, apontando uma diferença de nove pontos percentuais, o fez aceitar ir para o sacrifício. Afinal, a direita não pode ficar sem um candidato competitivo!
O presidente tucano Marco Penaforte age com coerência quando quer ver o seu partido bem longe dos petistas e aliados e quando defende um palanque para o seu candidato à Presidência da República. Esta é a posição de pelo menos a metade do PSDB cearense, e a outra metade quer tão somente salvar a própria pele, em especial o senador Tasso Jereissati. Que palanque terá Serra no Ceará se o seu partido não tiver candidato próprio?
Messias Pontes é jornalista e colaborador do Vermelho/CE
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