Embaixadora de Cuba visita a sede do PCdoB em Salvador

Em Salvador para participar do 12º Congresso das Nações Unidas de Prevenção ao Crime e Justiça Criminal, a embaixadora de Cuba na Áustria, Norma Goicochea Estenoz, visitou nesta terça-feira (20/4) a sede do PCdoB na capital baiana. Em entrevista à equipe local do Vermelho, ela falou sobre o Congresso, a democracia cubana e suas impressões sobre o povo baiano.

Segundo a embaixadora, a participação de Cuba foi muito ativa. “Nós defendemos nossa posição em relação à prevenção ao crime. Que é de que para se ter Justiça penal basta gerar um bom ambiente econômico e social, que evite as sanções e punições. Defendemos também a libertação dos cinco cubanos presos nos Estados Unidos acusados de terrorismo, o fim do terrorismo contra Cuba e a posição dos países do terceiro mundo”, ressalta.

Sobre a acusação de falta de liberdade em Cuba, Estemoz foi enfática em afirmar que esta é uma visão distorcida do povo cubano, vendida pela imprensa internacional. “Sabemos que no mundo existem vários poderes e o poder midiático é um poder incrível. A imprensa internacional mostra uma imagem endiabrada de Cuba. Não entende o nosso sistema. Em Cuba temos sim liberdade de expressão, temos uma democracia participativa, onde as pessoas têm seus direitos garantidos. Nós temos uma imprensa, mas só que não uma imprensa burguesa. É uma imprensa que tem um interesse maior em sua função social, mas os problemas existem. Então se discute, se analisa e a nossa imprensa analisa o que está acontecendo e não fica copiando o que se diz por ai para discutir os problemas cubanos”, explica Norma.

A embaixadora cubana negou ainda a violação dos direitos humanos na ilha caribenha, ressaltando o modelo socialista praticado no país, onde todos têm acesso à saúde, à educação de qualidade, oportunidade de emprego, acesso à cultura e participação social. “O revolucionário cubano José Martí dizia que ser culto é a única forma de ser livre. Em Cuba, a população tem um nível cultural muito elevado, portanto tem capacidade de pensar e de decidir. Então nós temos os nossos direitos humanos garantidos, temos a liberdade de expressão, a democracia, temos os direitos econômicos, sociais e culturais, os direitos políticos. Tudo isso, dentro do nosso sistema, que é debatidos pelo povo cubano livremente. Porque na Constituição de Cuba está definido que somos uma nação socialista este é um direito nosso”, disse Norma.

Norma Estenoz questionou também o fato de não noticiarem as coisas boas de Cuba, como o fato de estudantes de diversos países estudarem gratuitamente no país, do sistema que garante direitos sociais a todos, que defende os direitos da família e da juventude. “Nosso parlamento tem 34% de representação feminina. O quarto lugar em representatividade no mundo, atrás apenas da Dinamarca, Costa Rica e Suécia. Isso são direitos humanos e isso não se fala”, declarou.

Segundo a embaixadora, os Castros (os irmãos Fidel e Raul Castro) só estão no poder porque têm o apoio do povo cubano, pela sua luta em defesa dos interesses do povo e do país, além de um grande carisma. “Porque eles lutaram para que todos tenham os mesmos direitos. Lutaram para que eu, que sou mulher e negra, possa ser embaixadora de Cuba na Áustria. Lutaram para que as mulheres não sejam discriminadas. Para que todos possam ir à Universidade. Se um dia o povo cubano decidir que não querem mais os Castros no poder, assim será. Escolheremos outro presidente“, afirmou.

A cubana falou também de seu encantamento por Salvador. “Está aqui nesta cidade é a realização de um antigo sonho. Já conhecia a cidade pelas obras de Jorge Amado e gostei muito de conhecer o povo daqui. Parece que estou em casa, pois temos muito em comum. O jeito mestiço e feliz do povo é uma destas coisas”, concluiu.

De Salvador,
Eliane Costa