Hoje na história: Nasce o dramaturgo William Shakespeare

A data da morte de Shakespeare, essa é conhecida: 23 de abril de 1616. Tinha 52 anos exatos e se havia recolhido a Stratford fazia três anos.

Embora algumas peças tenham sido representadas ou analisadas tão extensamente como as 38 peças atribuídas a William Shakespeare, existem alguns subsistentes detalhes acerca da vida do dramaturgo.

Esta escassez de informações biográficas deve-se principalmente ao seu status social. Não era um nobre e sim filho de John Shakespeare, um comerciante de couros e o oficial de justiça da cidade. Os acontecimentos dos primeiros anos da vida de Shakespeare só podem ser colhidos de registros oficiais como batismo e editos de casamento.

Provavelmente frequentou a escola básica em Stratford, onde teria estudado latim e lido literatura clássica. Não ingressou na universidade mas aos 18 anos casou-se com Anne Hathaway, oito anos mais velha e grávida quando da cerimônia de núpcias.

Sua primeira filha, Susanna, nasceu seis meses mais tarde e em 1585, William e Anne tiveram gêmeos, Hamnet e Judith. Hamnet, o único filho varão de Shakespeare morreu com 11 anos e Anne Shakespeare sobreviveu ao seu marido, falecendo em 1623.

Nada se sabe do período entre o nascimento dos gêmeos e seu surgimento como dramaturgo em Londres no começo dos anos 1590. Histórias não confirmadas o tinham como caçador de cervos para extrair-lhes os chifres, como tendo se juntado a saltimbancos, que se tornara professor de escola ou servindo como soldado nos Países Baixos.

A primeira referência a Shakespeare como dramaturgo em Londres apareceu em 1592, quando um colega autor teatral, Robert Greene, escreveu pejorativamente sobre ele em seu leito de morte. Acredita-se que Shakespeare escrevera os três atos de Henrique nesse momento.

Em 1593, Venus e Adonis foi o primeiro poema de Shakespeare publicado. E a dedicatória dirigiu-se ao jovem Henry Wriothesley, o terceiro conde de Southampton. Em 1594, tendo provavelmente escrito, entre outras peças, Ricardo III, A Comédia de Erros e A Megera Domada, tornou-se ator e dramaturgo para o grupo "Os Homens do Lorde Chamberlain", que se tornou “Os Homens do Rei” após a ascensão de James I em 1603.

A companhia cresceu entre a alta aristocracia inglesa, e em grande parte devido a Shakespeare, que era o seu principal autor teatral. Compunha o elenco o principal ator daqueles dias, Richard Burbage, e se apresentavam no melhor teatro, o Globe, localizado à margem sul do rio Tâmisa. Shakespeare permaneceu com “Os Homens do Rei” até sua aposentadoria, atuando com frequência em pequenos papeis.

Em 1596, a companhia representou as peças clássicas de Shakespeare, Romeu e Julieta, Ricardo II, e Sonho de uma Noite de Verão. Em 1597, William Shakespeare compra uma enorme casa em Stratford. Em 1599, após produzir sua grande série peças teatrais tendo como tema personalidades históricas, o primeiro e o segundo ato de Henrique IV e Henrique V, tornou-se sócio proprietário do Teatro Globe.

O começo do século XVII assistiu à performance da primeira de suas grandes tragédias, Hamlet. A peça seguinte, As Alegres Comadres de Windsor, foi escrita a pedido da rainha Elizabete I, que queria assistir a outra peça que incluísse o popular personagem Falstaff. Durante a década seguinte Shakespeare escreveu obras-primas como Otelo, Rei Lear, Macbeth e A Tempestade. Em 1609, seus sonetos, provavelmente escritos nos anos 1590, foram publicados. Os 154 sonetos foram marcados por temas recorrentes como a mutabilidade da beleza e o poder transcendental do amor e da arte.

Hoje em dia, perto de 400 anos depois, suas peças são representadas e lidas mais frequentemente e em mais nações do que nunca antes. Grandes diretores e atores de teatro e cinema disputam a encenação e atuação em peças de Shakespeare. Naquele um milhão de palavras escritas ao longo de 20 anos, Shakespeare captou a essência das emoções e conflitos humanos com tal precisão que permanecem absolutamente atuais. Como disse seu contemporâneo, outro grande dramaturgo e poeta, Ben Johnson, "Ele não pertence apenas a uma época, mas a todos os tempos”.