BA: Dissertação de Mestrado analisa superlotação nas emergências

A dissertação apresentada segunda-feira (26/4), no Instituto de Saúde Coletiva da UFBA, trouxe à tona a discussão quanto à importância de se pensar soluções para o problema da superlotação nas emergências dos grandes hospitais. O estudo da diretora de Programação e Desenvolvimento da Gestão Regional, da Superintendência de Regulação da Atenção à Saúde no Estado, Conceição Benigno, traçou uma avaliação das comissões de regulação e controle nos hospitais de Salvador no período de 2007 a 2009.

A pesquisa focou no Hospital Geral do Estado – HGE e na Central Estadual de Regulação. “O que me motivou foi a dificuldade da saída dos pacientes desses hospitais e a barreira de acesso criada pelos hospitais complementares ao Sistema Único de Saúde (SUS). A idéia era melhorar essa relação e ver a possibilidade de ocupar mais os leitos que não são da Rede Própria e, sim, da Rede Complementar”, explica Conceição.

A regulação tenta, exatamente, adequar a oferta à demanda de recursos dos serviços de saúde. Enquanto ferramenta de gestão, tem a função de organizar o fluxo; mas sem o poder de criação dos leitos. “Por exemplo, se tenho 10 leitos de UTI, mas tenho 100 solicitações, a regulação classifica o risco e vê os pacientes mais graves para adequar essa necessidade. Depois de determinado período, ela é importante porque sinaliza, para a gestão, onde estão as faltas. Mas, para ela funcionar, todos os hospitais que sejam da Rede Própria Estadual, e credenciados ao SUS, têm que disponibilizar as vagas para a Central; que é o que não acontece”, destacou a diretora.

A Central Estadual de Regulação, portanto, fica com a responsabilidade de conseguir a vaga para o paciente, mas as unidades, principalmente as unidades filantrópicas, segundo afirmou Conceição, a exemplo do Hospital Santa Izabel, Santo Antônio, Português e Espanhol, não disponibilizam todos os seus leitos, que são pagos pelo SUS, para a Central poder, de fato, ajudar a organizar essa demanda e oferta. A idéia defendida na tese é de que possam ser implantadas comissões nesses hospitais para que, realmente, as vagas sejam liberadas para a Central de Regulação; e não para a chamada demanda espontânea. “Para resolver o problema da superlotação dos leitos, é preciso que haja a ampliação desse projeto”, enfatizou ela.

Essas comissões são formadas por uma equipe de multiprofissionais – médicos reguladores, enfermeiras reguladoras, assistente social e auxiliares de regulação – que atuam dentro das unidades de saúde e em parceria direta com a Central. O objetivo é, justamente, facilitar o acesso dos pacientes aos leitos da Rede Complementar. “O estudo apontou que as comissões aumentaram a saída de pacientes do HGE e evidencia, justamente, a necessidade de implantação de mais comissões em outras unidades da rede suplementar aos SUS”, pontuou Conceição Benigno.

O trabalho foi aprovado para um Congresso no México, onde será apresentado em setembro.

De Salvador,
Camila Jasmin