Messias Pontes – O jogo da direita é bruto e desleal

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Para retornar ao poder político central a direita brasileira é capaz de tudo, inclusive de fazer uma boa ação. Afinal, foram cinco séculos de mando interrompidos logo por um retirante nordestino, ex-operário metalúrgico, sem formação acadêmica e de um partido de esquerda. Assim é demais. É como trocar a Daslu pelo Shopping Chão ou o Beco da Poeira. Ademais, agora todo “pé de chinelo” anda de avião” causando enormes filas nos aeroportos, transtornos nunca antes verificado em nosso País. Isso tem de mudar, e só o Serra é capaz de garantir o retorno da tranqüilidade das nossas madames.

Desesperada pela inédita popularidade de um presidente da República com mais de 80% de aceitação – no Nordeste a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ultrapassa os 90% – e que pretende eleger uma mulher para substituí-lo, a direita entrou em parafuso e fez todo o malabarismo para o seu principal quadro aceitar entrar na disputa que ele considerava desigual. Ele até aceitava se o seu vice fosse o então governador mineiro Aécio Neves.

Para atingir seu objetivo, a direitona usou com eficiência a sua mídia conservadora, venal e golpista para convencer o então governador paulista, José Serra, a aceitar ser o candidato do PSDB à Presidência da República. Foram vários editoriais dos principais jornalões, notadamente do O Globo, do Estadão e da Folha de São Paulo, sem contar com os apelos dramáticos dos colonistas e de figuras carimbadas da televisão como as intragáveis Miriam Leitão e as “meninas” do Jô.

Mas o que determinou mesmo a aceitação de Serra foi uma pesquisa fabricada pelo Datafolha dando nove pontos de vantagem sobre a ex-ministra Dilma Rousseff, do PT, interrompendo, assim, a acentuada tendência de queda de Serra e de subida de Dilma. Três semanas depois o mesmo Datafolha publicou outra pesquisa ampliando a vantagem de Serra para dez pontos percentuais, indo portanto na contramão da tendência observada nos últimos 12 meses, e desqualificando os dois mais sérios institutos de pesquisa, no caso o Vox Populi e o Sensus.

Um ano antes, o presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, já havia “determinado” que a candidata do presidente Lula seria derrotada pelo candidato do demotucanato logo no primeiro turno, em três de outubro. As pressões foram tão violentas que José Serra, como um boi tangido para o matadouro, acabou aceitando a sua indicação. Mas exigiu que os seus aliados, em especial o maior partido de oposição – a grande mídia conservadora, venal e golpista – entrasse na disputa com os dois pés nos peitos da candidatura situacionista.

Assim tem sido. O resto é feito pelo batalhão contratado para usar a internet e pelas viúvas da ditadura militar que têm publicado artigos nos jornalões e entupindo as caixas de e-mails de milhões de brasileiros. Antes a Polícia Federal fazia o jogo sujo do tucanato, a exemplo do que foi feito no Maranhão em 2002 para detonar a candidatura presidencial da então pefelista Roseana Sarney. O jogo da direita é bruto e desleal.

Confesso que acreditava que o Serra não iria trocar uma reeleição quase certa ao governo de São Paulo pela aventura de disputar a Presidência da República com a candidata do presidente mais popular da história do Brasil, e que está levando o País no rumo do de desenvolvimento sustentado, com distribuição de renda e inclusão social. Ele não resistiu às violentas pressões e às armadilhas preparadas para capturá-lo.

O jogo da direita é bruto e desleal. Do pescoço para baixo tudo é canela.

Messias Pontes é jornalista e colaborador do Vermelho/CE

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