Artigo: Dom Tomás, cuidado com o olho gordo da Kátia
A senadora Kátia Abreu (DEM-TO), presidente da Conferação Nacional da Agriculura (CNA), deve estar indignada – na verdade, morrendo de inveja – do bispo Dom Tomás Balduíno, da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Do Blog da Rede de Comunicadores pela Reforma Agrária
Publicado 04/05/2010 14:35

Kátia Abreu foi ao Ministério da Justiça entregar um “dossiê” bombástico com denúncias contra os movimentos sociais do campo, com foco no MST, no dia 13 de abril.
O tal dossiê da CNA não apresentava nada com credibilidade maior que as declarações de ódio dos ruralistas aos trabalhadores rurais sem-terra.
Uma senadora da República, “proprietária” de pelo menos 2.500 hectares de terras , líder da maior entidade de classe do agronegócio do país e pretensa candidata a vice-presidente foi obrigada a protocolar no guichê do Ministério da Justiça o seu dossiê…
Que absurdo!
Circula até um vídeo na internet sobre esse episódio, que foi uma falta de respeito com uma pessoa tão importante para o país… (indicação do leitor Carlos Cândido)
Na tarde desta quinta-feira, o bispo Dom Tomás Balduíno (à direita na foto), da CPT, foi ao mesmo Ministério da Justiça.
Foto: Isaac Amorim/ACS/MJ |
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D. Tomas entrega relatório a ministro |
Tomás levou consigo dirigentes dos movimentos sociais do campo (aqueles que invadem terras, ameaçam a propriedade privada e desrespeitam o agronegócio).
Na atividade, foram recebidos pelo ministro Luiz Paulo Barreto (à esquerda na foto).
Só faltava essa!
Dom Tomás entregou ao ministro – em mãos – os 25 relatórios anuais Conflitos no Campo Brasil, publicados pela CPT desde 1985.
Entre 1985 e 2009, 63 pessoas foram assassinadas pelos ruralistas ano a ano (em média), de acordo com dados da CPT.
Os números da comissão “sobre conflitos no campo são realizadas há 25 anos e servem de referência para estudos no Brasil e no exterior” (palavras do jornal da oligarquia rural, O Estado de S. Paulo ).
Barreto recebeu também um documento com os casos de assassinatos e julgamentos entre os anos de 1985 e 2009 e uma lista com os casos de agentes de pastoral e dos movimentos sociais perseguidos e ameaçados em todo o país.
E o ministro se manifestou.
Barreto reconheceu que continua a violência do latifúndio contra os trabalhadores rurais.
“Precisamos avançar na punição dos culpados”, disse Barreto. Para ele, é preciso combater principalmente os casos de pistolagem. “Crime de encomenda é covardia!”, sentenciou.
Dom Tomás, fique esperto e muito cuidado com o olho gordo da Kátia Abreu.