Sem categoria

Banda larga: reativação da Telebrás estimula competição no setor

A implementação do Programa Nacional de Banda Larga (PNBL) começa a ser discutida nesta sexta-feira (7) com os diversos setores empresariais e da sociedade envolvidos no assunto. Participam das reuniões a ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, o coordenador do Programa de Inclusão Digital, Cezar Alvarez, e o secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Rogério Santanna.

Haverá encontros com representantes das empresas operadoras de telefonia, empresas de equipamentos de telecomunicações com tecnologia nacional, especialistas em tecnologia da informação e comunicação, representantes de usuários e prestadores de serviços de telecomunicações. Nas reuniões, também serão definidos os nomes que serão indicados para o Fórum Brasil Digital — que o governo criará no âmbito do PNBL como instância permanente de discussão de questões relacionadas à internet rápida no país.

Na opinião do governo federal, um dos trunfos do PNLB será a reativação da Telebrás — medida que deverá estimular a competição no setor, reduzindo o preço do serviço sobretudo em locais onde a oferta é pequena. Segundo o coordenador do Programa de Inclusão Digital da Presidência da República, Cezar Alvarez, essa foi uma preocupação do governo ao formatar o plano.

“Haverá muito mais competição, não com o governo diretamente, mas com a oferta no atacado para pequenos e médios provedores que hoje, em alguns lugares, pagam muito caro e só têm o serviço de uma rede para comprar. No mínimo, que tenha duas e escolha se vai comprar da grande rede ou da rede do governo brasileiro”, disse Alvarez à Agência Brasil.

De acordo com as diretrizes do plano, apresentadas nesta quarta-feira (5) pelo governo, a Telebrás vai aproveitar a estrutura de fibras óticas já existente no país para oferecer o acesso à rede às operadoras que irão prestar o serviço ao consumidor. A chamada última milha será prestada por empresas que irão competir entre si, a não ser em locais onde a iniciativa privada não tenha condições de atuar.

Alvarez garante que as grandes e pequenas operadoras terão papel importante na construção do plano, que ainda será aperfeiçoado pelo governo. A proposta apresentada pela operadora Oi, que pretendia ser o principal instrumento de universalização da banda larga no país, também será levada em conta, apesar de o governo não ter concordado com alguns pontos propostos pela empresa. “O projeto da Oi é absolutamente significativo no mérito. Vamos continuar sentando com eles, pode ser que modifiquem esses pontos”, diz.

Segundo Cezar Alvarez, o governo não concordou quando a Oi quis vincular a prestação de serviço da banda larga a R$ 35 apenas a cidadãos de baixa renda. “É uma loucura achar que vamos pedir negativa de imposto de renda para saber se a pessoa tem renda baixa suficiente para comprar um plano de R$ 35”. Além disso, a operadora vinculava o plano à infraestrutura já existente, ou seja, ao seu telefone fixo, o que acabava sendo uma venda casada.

O governo também pretende negociar a contribuição das operadoras ao Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) e ao Fundo de Fiscalização de Telecomunicações (Fistel) para reduzir o preço do serviço ofertado.

Além das reuniões desta sexta-feira, devem ser marcadas para as próximas semanas audiências com prefeitos e governadores. “Queremos integrar nossas redes com as redes públicas já existentes, para aumentar a nossa capilaridade e levar o serviço de qualidade lá onde ele precisa chegar e com menor preço, como creche, prisão, posto médico, delegacia, escola”, afirma Alvarez.

“O presidente Lula disse que só ia assinar o decreto depois dessas reuniões. As reuniões não são formais, são reais. Mesmo que o decreto possa ir para uma linha que não agrade a alguém, a mesa de discussão vai continuar”, garante.

Depois do decreto concluído, o que deve ocorrer até o fim do mês, será instalado o Fórum Brasil Digital, no mês de junho, que terá a participação de operadoras, fornecedoras de equipamentos, do governo federal, dos estaduais e municipais para aperfeiçoar a proposta original. “Nós jogamos a bola no meio de campo e demos o pontapé inicial. Agora, é jogar.”

Da Redação, com informações da Agência Brasil