Eleições no Reino Unido: futuro incerto no governo
No Reino Unido, o líder dos democratas-libeirais saiu nesta sexta-feira (7) em defesa de um governo formado pelos conservadores. Nick Clegg afirma que se os conservadores obtiveram mais votos seria justo que tivessem a prioridade em formar o novo executivo britânico. O atual premiê, Gordon Brown, que tem o direito constitucional de formar governo, já disse que poderá vir a propor novo executivo.
Publicado 07/05/2010 15:12
A eleição desta quinta-feira resultou no primeiro "parlamento suspenso" (sem maioria absoluta) desde 1974, mas fez com que os conservadores ultrapassassem os representantes do Partido Trabalhista, que está na direção do país há 13 anos.
Contabilizados os resultados de 637 das 650 zonas eleitorais, os conservadores tinham conquistado 301 vagas, seguidos pelos trabalhistas, com 255, e os liberais democratas, com 54.
A emissora britânica de televisão BBC calculou que os conservadores ficaram com 36 por cento dos votos totais, os trabalhistas, com 29 por cento, e os liberais democratas, com 23 por cento.
Sistema eleitoral garante Brown
Porém, o obtuso sistema eleitoral britânico faz com que os 36% dos votos obtidos pelo Partido Conservador lhe tenham garantido 301 lugares, ao passo que os 29,2% do Partido Trabalhista lhe valeram os seus 255. O Partido Liberal, que ficou a 6,3 pontos percentuais dos trabalhistas, com 22,9%, tem pouco mais de um quinto dos mandatos deste.
Apesar de se tornarem com este resultado o fiel da balança para a constituição de uma futura maioria, os representantes do Liberal-Democrata lamentavam-se por terem, com mais de 20% dos votos, menos de 10% dos mandatos, o que configura um retrocesso em relação à representação parlamentar por eles obtida em 2005.
O sistema eleitoral britânico favorece amplamente os dois maiores partidos, sendo que os trabalhistas tem grande vantagem nas cidades. Elas estão divididas em círculos eleitorais menores, onde cada mandato pode ser obtido com um número de votos comparativamente baixo. E, como o partido mais votado fica com o único mandato de cada distrito, a distorsão no conjunto acaba por ser muito considerável. Isso sempre acontece nas eleições britânicas, em menor ou mairo número.
O sistema eleitoral sempre foi objeto de críticas de progressistas e comunistas, que sempre foram mantidos distantes do parlamento graças às aberrações do voto distrital britânico. Agora, ferido pela legislação eleitoral obtusa e anti-democrática, o Partido Liberal-Democrata tem exigido mudanças nessa legislação.
Mesmo assim, apesar de terem perdido mandatos, os liberais vêem-se favorecidos pela circunstância de este ser o primeiro "parlamento empatado" desde a década de 1970 e que só eles podem desempatar.
Da redação, com agências