Ingleses acham petróleo nas Malvinas; Argentina reage à 'ação ilegal'
O impasse entre a Argentina e a Inglaterra sobre o controle das Ilhas Malvinas entrou em uma nova etapa. O Ministério das Relações Exteriores argentino advertiu o governo inglês que pode tomar "todas as medidas necessárias" para impedir as atividades da empresa Rockhopper Exploration – que atua no mercado de extração de petróleo e gás. O alerta ocorreu nesta quinta, mesmo dia em que a empresa anunciou ter encontrado petróleo na bacia norte das Malvinas.
Publicado 07/05/2010 11:11
A exploração inglesa de petróleo e gás nas águas da região das Malvinas gerou uma disputa diplomática entre a Inglaterra e a Argentina. O caso foi parar nas Nações Unidas que, por intermédio da secretaria-geral do órgão, pediu que os dois lados busquem um acordo. Paralelamente, os países latino-americanos se manifestaram em favor dos argentinos.
O Ministério das Relações Exteriores da Argentina, segundo a agência oficial de notícias do país, a Telam, emitiu um comunicado, nesta quinta, informando que vai recorrer às instâncias internacionais se houver uma "ação ilegal" por parte de ingleses na região das Ilhas Malvinas. Para os argentinos, a exploração de petróleo e gás na área é uma ação ilegal que pode levar a consequências jurídicas e políticas.
“A Argentina rechaça de maneira enérgica a tentativa de assumir ilegalmente os recursos não renováveis, que são de propriedade do povo argentino. Damos conhecimento às autoridades da Inglaterra, que autorizam a exploração e as empresas envolvidas nas atividades ilegais, que o governo argentino vai a denunciar todas as instâncias internacionais esta ação ilegal inglesa e tomar as medidas necessárias, nos termos do direito internacional, para impedir a continuação dessas ações ilegais”, diz o comunicado oficial.
Desde o século 19, argentinos e ingleses disputam o controle sobre as Ilhas Malvinas. O ex-presidente Néstor Kirchner, marido da atual presidente da Argentina, Cristina Kirchner, fez campanha para retomar o controle da região. Em 1982, a Argentina e a Inglaterra partiram para o confronto armado na área.
Em 17 de fevereiro deste ano, Cristina Kirchner aumentou a pressão sobre a Inglaterra ao decretar que todos os barcos e navios que quiserem transitar pelas águas do país devam pedir autorização oficial.
Apoio da Unasul
Os presidentes e chefes de Estado dos 21 países que formam a Unasul reiteraram, , nesta semana, o respaldo aos direitos da Argentina, considerados legítimos, na disputa pela soberania das Ilhas Malvinas com a Grã-Bretanha. O bloco se pronunciou a favor de que as partes envolvidas voltem e negociar uma solução pacífica e definitiva o mais breve possível.
A Unasul repudiou as atividades de exploração de petróleo, autorizada pelos ingleses, na plataforma continental argentina, “em flagrante oposição ao disposto pela Assembleia Geral das Nações Unidas, que convocou as duas partes para se abster de adotar decisões unilaterais que contrariem a recomendação da ONU”.
Petróleo
As declarações do governo argentino aconteceram no mesmo dia em que a empresa britânica Rockhopper informou, em comunicado, que encontrou petróleo na bacia norte das Malvinas, na zona de exploração de Sea Lion. O grupo não comunicou, contudo, se a descoberta é comercialmente viável. Segundo os primeiros dados, o poço 14/10-2, no bloco de exploração de Sea Lion, "contém uma reserva de petróleo", afirma a Rockhopper.
A empresa acrescentou que se trata da primeira descoberta de petróleo já realizada na bacia norte do arquipélago do Atlântico Sul. Uma campanha de perfuração realizada no fim dos anos 1990 já permitiu detectar rastros de hidrocarbonetos em vários lugares desta mesma bacia, mas não foram classificados tecnicamente como descobertas.
A empresa de exploração petroleira informou, entretanto, que ainda deve reunir mais informações para se assegurar de sua viabilidade comercial. Mas, apesar deste tom prudente, a notícia disparou as ações da empresa na bolsa de Londres, onde terminou em alta de 151,73%.
Associada com outras duas empresas britânicas, Desire Petroleum e Falkland Oil & Gas, a Rockhopper iniciou em fevereiro uma campanha de perfuração nas águas das Malvinas, reavivando a reivindicação argentina pela soberania deste arquipélago do Atlântico Sul.
A primeira perfuração desse projeto, realizada pela Desire Petroleum, resultou em fracasso e fez a cotação da companhia e de seus sócios caírem.