PM de São Paulo matou 6.416 pessoas em 16 anos

São Paulo é um estado superlativo. Sua pujança econômica o fez o maior da federação. Contudo, as últimas duas décadas tem sido de decadência econômica e social. As gestões neoliberais do PSDB fizeram de São Paulo o laboratório para a adoção das políticas de privatização, pilhando o Estado em todas as áreas da economia, resultando em crescimento da miséria, exclusão social e também da violência.

O PSDB está à frente do Estado desde a eleição de Mário Covas, em 1994. São 16 anos ininterruptos de governo. Neste longo período, não seria de se esperar um cenário diferente?

Os graves problemas que envolvem a segurança pública em São Paulo, por exemplo, poderiam ter sido enfrentados com investimentos e vontade política. Não que eles teriam sido solucionados, mas certamente não estaríamos vendo manchetes como a que mostra o crescimento da violência policial.

Uma chacina silenciosa
O número de pessoas mortas pela polícia militar do Estado de São Paulo, segundo estatísticas disponibilizadas pela Secretaria de Segurança Pública do Estado, é assustador. Foram 6.416 mortos, uma verdadeira chacina. Em 2003, já sob a gestão de Geraldo Alckmin, 868 pessoas morreram pela ação da Polícia. Um triste recorde que envergonha os paulistanos. Este retrato não se alterou na gestão de Serra. Em 2009, 524 pessoas morreram pela ação da PM.

O perfil das vítimas – na sua maioria jovens, do sexo masculino, negros e moradores das periferias da cidade – é o retrato do preconceito e da brutalidade de uma corporação despreparada, ou melhor, preparada para matar. Basta ver que o número de mortos supera em muito o número das pessoas feridas em confronto com a PM, que entre 1996 e o primeiro trimestre de 2010 somam 5.122 pessoas.

Fotografia de um estado repressor
Não houve, nos anos do reinado tucano em São Paulo, nenhuma medida para alterar essa situação. O caráter da PM permanece essencialmente o de uma força repressora. Justificar essa situação pelo aumento da violência ou a maior força de fogo dos bandidos como causas destes “eventos” é no mínimo risível.

É preciso colocar um ponto final nessa situação. E isso só será possível alterando a visão política que está à frente do governo paulista. Porque a verdade é que o policial apenas aperta o gatilho, mas o responsável por estar mortes são os governantes que se omitiram, ou até mesmo incentivaram, tamanha violência.

De São Paulo, Renata Mieli

Fonte: Janela sobre a Palavra