Semana na ONU foi marcada por desafios à humanidade
A última semana foi marcada por dois temas que determinarão a própria existência humana: as armas nucleares e a luta contra a mudança climática e em defesa dos direitos da Mãe Terra.
Publicado 10/05/2010 18:03
O último tema foi ressaltado com a presença nas Nações Unidas do presidente da Bolívia, Evo Morales, acompanhado de uma delegação de organizações sociais envolvidas na tarefa de impelir o enfrentamento ao aquecimento global e à deterioração ambiental.
Evo entregou ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-monn, as conclusões da Conferência Mundial dos Povos sobre a Mudança Climática e os Direitos da Mãe Terra, celebrada em abril na cidade boliviana de Cochabamba.
Evo conseguiu que, pela primeira vez, o secretário-geral da ONU receba representantes de movimentos sociais, que exortaram as Nações Unidas a escutar e a respeitar as decisões adotadas no evento de Cochabamba.
Esse fóro mundial foi patrocinado pelo governo da Bolívia após o fracasso da cúpula sobre a mudança climática da ONU, celebrada no final do ano passado em Copenhague e que foi "sequestrada" por um gripo de países liderados pelos Estados Unidos.
Aquele evento não pode alcançar um acordo vinculante para reduzir as emissões de gases contaminantes nem fixar o financiamento que as nações desenvolvidas tem de dar às subdesenvolvidas para adaptarem-se às transformações necessárias nesse campo.
Diante disso, a cúpula de Cochabamba decidiu convocar, em abril de 2011, um referendo mundial sobre a mudança climática e ratificar o princípio de responsabilidade compartilhada e diferenciada sobre o aquecimento global.
Também determinou a criação de um Tribunal Internacional de Justiça Climática e Ambiental e demandou que os países ricos paguem as dívidas contraídas por contaminarem o meio ambiente.
Pouco depois de sua entrevista com Ban Ki-moon, Evo alertou que, se a cúpula de Cancun, sucessora de Copenhague, for igual à sua antecessora, as Nações Unidas perderão sua autoridade diante dos povos do mundo.
A reunião de dezembro próximo no balneário mexicano é a esperança dos povos e contará com a participação dos movimentos sociais, que irão participar das discussões, e não a criar conflitos, assegurou o chefe de Estado.
Evo disse também que, nestes momentos, a ONU e esses grupos defensores dos direitos da Mãe Terra, são as duas instâncias mais importantes vinculadas ao problema da mudança climática.
Queremos trabalhar juntos, debater, analizar os graves assuntos relacionados com esse fenômeno e a crise climática, os quais afetam a todos e a todas por igual, insistiu.
Para o presidente boliviano, a salvação do planeta está em mudar o sistema capitalista por outro que esteja em harmonia com a Terra e sua natureza.
"Há dois caminhos: salvar o capitalismo ou salvar a Mãe Terra. A responsabilidade é dos movimentos sociais e dos governo que formam a ONU", sentenciou.
Sinais semelhantes de alarme foram ouvitos durante toda a semana durante os trabalhos da Conferência de Revisão do Tratado de Não Proliferação das Armas Nucleares (TNP), com a participação de 189 Estados integrantes do tratado.
Um clamor quase unânime a favor da proibição e eliminação desse tipo de armamento foi uma constante na extensa cadeia de discursos pronunciados entre a segunda e a sexta-feira no plenário da Assembleia Geral das Nações Unidas.
As discussões estiveram assinaladas no primeiro dia por uma aberta ameaça lançada pela secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, contra o Irã, pelo seu empenho em dar prosseguimento ao programa nuclear que Teerã assegura ter fins pacíficos.
A chefe da diplomacia estadunidense advertiu o país persa que terá de pagar um alto preço por suas sopostas violações de acordos internacionais.
Pouco antes, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, exigiu o fim imediato das investigações, do desenvolvimento e melhoramento das armas nucleares e proibir a produção, o armazenamento, a proliferação, a manutenção e o uso desses artefatos.
Ao mesmo tempo, demandou o desmantelamento dessa classe de armamento instalado pelos Estados Unidos em outros países, mencionando a Alemanha, a Itália, o Japão e a Holanda.
A criação de uma área livre de armas nucleares no Oriente Médio, o desarmamento de Israel, país possuidor dessas armas, e conclamações para que a Índia, o Paquistão e a República Popular Democrática da Coreia se reunam ao TNP, também foram feitas na reunião.
E como ápice do alarme diante dos perigos que o planeta e a humanidade enfrentam, a Assembleia Geral realizou na última sexta-feira uma sessão especial em homenagem às vítimas da Segunda Guerra Mundial, em ocasião do 65º aniversário do encerramento do conflito, que matou mais de 50 milhões de pessoas.
Fonte: Granma