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Comunicadores do PCdoB debatem ações para a campanha de outubro

Neste domingo, 16, cerca de 80 dirigentes de 15 estados estiveram presentes à sede do Comitê Central, em São Paulo, para debater a comunicação do PCdoB nas eleições. O encontro procurou responder a dúvidas sobre a montagem das campanhas em diferentes mídias, a avaliação dos candidatos e a construção de seu discurso, a estruturação do marketing político e a aspectos ligados à legislação. O evento contou com a participação João Santana, responsável pela campanha de Dilma Rousseff.

Mesa Encontro Comunicação - Priscila Lobregatte

Base fundamental para qualquer disputa eleitoral, a questão política foi o tema de abertura, abordado pelo presidente do PCdoB, Renato Rabelo. “A campanha de 2010 é uma das mais importantes dos últimos anos porque coloca o país diante de uma encruzilhada histórica. De um lado está a candidata que continuará o governo Lula com o aprofundamento das mudanças; do outro lado, está o projeto que levaria o país ao retrocesso”, disse Rabelo, contrapondo os perfis políticos de Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB).

Para o dirigente, “transformar estruturalmente o país depende de haver prosseguimento da linha iniciada por Lula durante mais duas ou três décadas”. Portanto, afirmou, “teremos um debate político muito complexo e nosso partido precisa estar pronto para enfrentá-lo”.

 
Rabelo: Dilma é valorosa  

Na avaliação do comunista, um dos pontos-chave desse embate eleitoral será identificar com clareza as singularidades da conjuntura atual e da correlação de forças e as características que diferenciam cada candidato e cada programa político.

“Temos neste ano uma conjuntura bastante favorável à continuidade devido aos bons resultados do atual governo. Além das mudanças internas, o Brasil tem ganhado crescente prestígio no mundo e se tornou um novo ator nos processos de decisão internacional”, disse Rabelo.

O bom momento vivido pelo país faz com que o principal adversário, José Serra, procure se apresentar como continuador de programas implantados na gestão Lula, tentando assim tirar proveito de sua alta popularidade. “Ele se coloca como candidato da continuidade e como se fosse mais preparado do que Dilma para dar andamento ao que o presidente tem feito. De forma manipuladora e grosseira, a direita tenta desqualifica a ex-ministra”, salientou.

Por isso, Renato Rabelo enfatizou que é preciso cada vez mais mostrar quem é a verdadeira candidata de Lula. “Dilma é valorosa; sua escolha como pré-candidata foi muito feliz tanto por sua trajetória quanto pelo papel que teve no governo e isso precisa ser explicitado”.

Do ponto de vista da correlação de forças, o presidente do PCdoB lembrou que “Lula conseguiu dividir a classe dominante que, no começo, era toda contrária a ele, e angariou grande base popular. A dificuldade maior ainda está nas camadas médias, sobretudo no Sudeste e no Sul. No campo político, diversas forças foram atraídas e continuarão com Dilma”.

“Manual de sobrevivência do candidato”

 
  Dilma está num “ciclo virtuoso”, diz Santana

João Santana, responsável pela campanha de Dilma Rousseff, falou sobre a teoria do marketing político, fez um relato de experiências passadas e deu algumas dicas do que seria o “manual de sobrevivência do candidato”.

Segundo ele, um dos pontos importantes numa campanha é compreender que no Brasil ainda existe uma “baixa reflexão sobre a política”, o que leva ou à superestimação ou a subestimação do papel do marqueteiro. Santana lembrou que uma campanha deve responder basicamente a três questões: conceituação (o porquê de se estar concorrendo); estratégia (como vencer a eleição) e conjuntura (continuidade ou mudança no plano político).

Santana também salientou que “existe um fetiche em torno das pesquisas de opinião”. Por essa razão, “não brigo com elas, mas também não me submeto a elas”. Para ele, Dilma está num “ciclo virtuoso” porque vem ganhando adesão ao mesmo tempo em que vai se tornando mais conhecida.

O evento continuou com a apresentação do publicitário Guido Bianchi – que tratou de experiências recentes do PCdoB, da história da propaganda e da trajetória das campanhas desde a redemocratização. De acordo com Bianchi, os candidatos e dirigentes do partido devem atentar para o fato de que “é preciso politizar a campanha, mantendo uma forma agradável e contemporânea, ligada à identidade do povo”.

Por fim, os debates se focaram na legislação eleitoral, assunto abordado pelo advogado do partido, Paulo Guimarães.

Na avaliação do secretário de Comunicação do PCdoB, José Reinaldo Carvalho, o Encontro Nacional – o segundo realizado neste ano – “é fundamental para preparar o partido para a campanha e ocorre num momento de crescimento tanto das nossas fileiras quanto da candidatura de Dilma Rousseff, apoiada pelos comunistas”.

Para ele, é importante que a direção nacional “contribua para a orientação dos comitês estaduais especialmente no que tange a luta de ideias, fator essencial dessa disputa já que o debate gira em torno de dois projetos antagônicos de governo, baseados em visões diametralmente opostas de país”. Neste sentido, salientou que “é preciso ampliar o contato com nosso povo” e levar à sociedade “nossa visão de país, descrita no Programa Socialista, uma referência indispensável para este momento”.

De São Paulo,
Priscila Lobregatte

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