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Pesquisas desfavoráveis devem obrigar Serra a mudar estratégia

O resultado da pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (22) sobre intenção de voto para a Presidência da República — que aponta empate entre Dilma Rousseff (PT) e o tucano José Serra — pode interferir na estratégia adotada pelo PSDB na disputa. A avaliação é do cientista político e pesquisador da Pontifícia Universidade Católica (PUC) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), Marco Antônio Carvalho Teixeira.

“A pesquisa pode interferir na definição de quem será o vice de Serra — e a probabilidade de o PSDB radicalizar o discurso também é muito grande”, diz Teixeira, ressaltando que voltou à tona a discussão sobre uma chapa puro-sangue com o ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves.

Dilma e Serra aparecem com 37% das intenções de voto cada, ante os 30% e 42%, respectivamente, da sondagem realizada pelo Datafolha em meados de abril. Marina Silva (PV) se manteve estável com 12%. "A pesquisa confirma tendência apontada pelos outros dois institutos (CNT/Sensus e Vox Populi), cujos resultados foram um pouquinho mais favoráveis para Dilma, apesar de configurarem empate técnico. O momento é mais favorável para Dilma", afirma Teixeira.

Para ele, a escolha pelo PSDB do vice de Serra deverá levar em conta a capacidade de agregação do candidato — e não somente o tempo de exposição na televisão com que o vice poderá contribuir. "Minas Gerais tem um colégio eleitoral muito grande, e Aécio tem presença nacional", afirma.

Segundo ele, se o PSDB optar por mudar sua estratégia, a postura dos tucanos poderá ser "híbrida". Serra não se apresentaria como oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cuja popularidade está em níveis recordes — mas outras vozes do PSDB, como a do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), teriam posturas mais radicais em relação a Lula. "Serra tem se apresentado não como oposição, mas como diferente, de continuidade, mas que vai fazer melhor."

Transferência de votos

Teixeira destaca a migração de votos que tem havido de Lula para Dilma. Na pesquisa espontânea do Datafolha, a petista tem 19% das intenções de votos e o presidente (que não pode se candidatar), 5%. Na primeira sondagem do instituto, Dilma aparecia com 8% enquanto o Lula tinha 20%. "Lula perdeu 15 pontos porcentuais, enquanto Dilma ganhou 11", compara.

O pesquisador destacou ainda que, conforme a sondagem, a rejeição de Serra supera a de Dilma, e a petista venceria no segundo turno das eleições. De acordo com a sondagem Datafolha, o índice de rejeição de Serra é de 27%, enquanto o da adversária é de 20%. O resultado apontado para o segundo turno, com resposta estimulada, foi de 46% para Dilma e 45% para Serra. Segundo Teixeira, há probabilidade de o vencedor ser definido no primeiro turno, "à medida que não há um terceiro candidato forte".

Da Redação, com agências