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Reduzir taxa de juros é melhor que vetar reajuste, diz Beting

Uma voz dissonante na mídia brasileira ecoou, em horário nobre, a favor do reajuste de 7,7% para os aposentados que ganham acima de um salário mínimo e o fim do fator previdenciário. Na iminência de um veto por parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva às medidas aprovadas pelo Congresso, Joelmir Beting, apresentador do Jornal da Band, disse que o impacto nas contas de R$ 18 bilhões ao ano “poderia ser poupado lá na massa de juros do governo.”

Ele explicou: “Se o Banco Central se contentasse com 2 pontos percentuais a menos na elevação da taxa básica, a Selic, projetada para este ano, haveria aí sim uma justa transferência de renda, também de R$ 18 bilhões, de bancos e de fundos altamente lucrativos para milhões de aposentados do Brasil. Afinal, a arte de governar é a arte de saber escolher.”

Na opinião dele, a ideia de que a Previdência pode quebrar com o reajuste e o fim do fator previdênciário pode ser classificada como “terrorismo intelectual de alguns analistas da equipe econômica.”

Diferente dessa perspectiva, a comentarista da TV Globo Miriam Leitão fez o seguinte comentário sobre o fim do fator previdenciário: “Hoje já pode se aposentar, mas o fator pune quem fica mais tempo. Então isso é uma irresponsabilidade, principalmente dos parlamentares. Os governistas, porque governam o país. E a oposição, porque introduziu o Fator Previdenciário.”

Debate no Congresso

A relação taxa de juros e reajuste de aposentados já havia sido discutida na Câmara dos Deputados por conta do último aumento da taxa Selic em 0,75%. A líder do PCdoB na Casa, deputada Vanessa Grazziotin (AM) fez duras críticas a elevação que só beneficia banqueiros e rentistas.

“Nós, nesta Casa, estamos, há várias semanas, discutindo o aumento dos aposentados que ganham acima do salário mínimo. O governo declara que não pode conceder mais do que 7%, e nós defendemos 7,7%, o que significa o impacto de somente 1 bilhão, enquanto que a decisão adotada ontem pelo Banco Central vai impactar, no mínimo, em 5 bilhões as despesas públicas do nosso País”, discursou na ocasião a líder.

Ao Vermelho, o deputado Flávio Dino (PCdoB-MA) argumentou que há espaço para o reajuste levando em conta que a economia brasileira deve crescer 6% este ano. Ele lembrou ainda que em 2009 foram concedidos inúmeros benefícios fiscais, cujo impacto sobre as contas do governo é bem maior do que o do aumento das aposentadorias. “Somente em desonerações fiscais, por exemplo, foram R$ 13 bilhões em 2009, aos quais se somam mais de R$ 4 bilhões estimados para este ano.”

Estudo da liderança do PCdoB ressalta que é preciso levar em conta os ganhos com a arrecadação decorrente do aumento do teto da contribuição previdenciária e à tributação sobre o consumo, que atinge quase 30% dos rendimentos para os que ganham até dois salários mínimos.

“Isto significa que um aumento de despesa previdenciária de R$ 1,8 bilhão, como o necessário para estender o aumento real do PIB aos aposentados e pensionistas, representa R$ 540 milhões em receitas para União, estados e municípios.”

O combate à sonegação fiscal também é uma alternativa apontada. Nada menos que R$ 20,3 bilhões de horas extras não estão sendo pagas aos trabalhadores brasileiros. Além da sonegação de direitos trabalhistas, essa prática representa uma sonegação à Previdência Social que pode chegar a R$ 4,1 bilhões.

De Brasília,
Iram Alfaia