Buscas por corpos de desaparecidos não avançam
O Grupo de Trabalho Tocantins (GTT) – criado pelo Ministério da Defesa para mapear a localização dos corpos dos ex-combatentes desaparecidos durante a Guerrilha do Araguaia – está produzindo nesta quarta-feira (26), em Marabá (PA), um relatório final sobre a última expedição realizada na região do Pará entre os dias 18 e 25 de maio.
Publicado 26/05/2010 12:59
Segundo o vice-presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça e observador independente indicado pelo PCdoB para acompanhar os trabalhos do GTT, Egmar José de Oliveira, as buscas não avançaram muito.
“Minha conclusão é que as informações da última expedição são muito frágeis. O grupo precisa de mais critérios para ir aos pontos indicados pelos informantes da região. Todos os pontos que visitamos foram praticamente descartados”, afirmou Egmar.
Ele explicou que o grupo percorreu diversas áreas indicadas por camponeses, mateiros e moradores da região. A ação do tempo e o desmatamento de áreas de mata virgem para a atividade de pecuária, por exemplo, dificultam a indicação exata dos pontos onde os restos mortais dos guerrilheiros estariam enterrados.
Entre os pontos visitados pelo grupo está a região da Faveira – onde Elza Monnerat, Maurício Grabois e João Amazonas viveram. Dois camponeses relataram ao grupo a possibilidade da existência de três covas. Os pontos indicados foram identificados pela equipe técnica que integra o GTT como formações geológicas naturais.
A equipe também realizou expedições nas proximidades do Rio Xambioazinho, região da cidade de São Geraldo do Araguaia (PA). No local teria acontecido um embate e o posterior sepultamento de três corpos de guerrilheiros. Egmar explicou que a pessoa que poderia indicar o local onde os corpos teriam sido enterrados não foi encontrada.
Egmar afirmou ainda que a colaboração dos ex-militares que participaram da repressão aos guerrilheiros do Araguaia é fundamental para o êxito da ação. “O Ministério da Defesa, através dos comandos da Marinha, Exército e Aeronáutica, precisa atuar junto a esses ex-militares, mesmo que seja em caráter sigiloso. Sem essas informações será muito difícil localizar os corpos”.
Segundo Diva Santana, membro do GTT e irmã de Dinaelza Santana Coqueiro, desaparecida durante a Guerrilha do Araguaia, os maiores avanços da última expedição foram o reconhecimento e a demarcação de novas áreas para escavação.
Ela informou ainda que o grupo estuda novas metodologias para a apuração e sistematização do trabalho do GTT na região. “É um trabalho muito lento e cansativo. É difícil encontrar, entre essas pessoas que foram guias do Exército na mata, alguém que afirme que presenciou o sepultamento de algum corpo. Eles dizem que souberam, que ouviram falar”.
Diva reafirmou ainda a necessidade de ouvir os ex-militares envolvidos. “Não estamos trabalhando com os verdadeiros atores. As informações são muito imprecisas”.
O mapeamento das possíveis áreas de sepultamento dos corpos dos ex-guerrilheiros é acompanhado por pesquisadores, técnicos e peritos em geologia, antropologia forense e medicina legal.
A conclusão do relatório produzido nesta quarta-feira (26) deverá conter a demarcação de novas áreas a serem investigadas pelo GTT na região e um planejamento para o início das novas buscas.
Da Redação Mariana Viel