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FIT Metal: federação já nasce combativa e em busca da unidade

Nasce mais uma entidade de luta dos trabalhadores e das trabalhadoras. Trata-se da Federação Interestadual dos Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil (FIT Metal). Filiada à União Internacional Sindical dos Metalúrgicos (UIS Metal) e à Federação Sindical Mundial (FSM), a FIT Metal foi fundada nesta terça-feira (1/6). Sindicatos filiados à Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e à Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) de sete estados se organizam na federação.

- Luana Bonone

O congresso de fundação da FIT Metal ocorreu após o término da Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), realizada também nesta terça (1/6), no Pacaembu. A atividade, ocorrida no Sindicato dos Engenheiros de São Paulo, reuniu cerca de 300 metalúrgicos de sete estados: Amazonas, Maranhão, Pernambuco, Bahia, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, além da presença internacional de Ramon Cardona, secretário da FSM para as Américas.

Foto: Luana Bonone
Marcelino leu o manifesto de fundação da FIT Metal

O presidente eleito, Marcelino Rocha, também presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim e região (MG), disse que a federação já nasce com prioridade de realizar ações conjuntas com as duas confederações da categoria existentes, seguindo o exemplo das próprias centrais sindicais. Entretanto, considera que era fundamental que os metalúrgicos representados pela CTB e pela CGTB tivessem este instrumento de luta, para que não permanecessem “sem voz nas questões nacionais”. Em seu discurso, Marcelino leu o manifesto de fundação da federação, e disse que o Brasil vive um momento ímpar e que, para além de consolidar os direitos imediatos da classe operária, o movimento sindical quer influenciar os rumos políticos do país. (Leia a íntegra do manifesto de fundação da FIT Metal ao fim da matéria).

Apresentada a entidade e aprovado seu Estatuto, a palavra foi aberta ao plenário. O tom das falas foi no sentido de comemorar a vitória da classe trabalhadora que foi a construção de uma atividade da magnitude da Conclat, com a unidade que conseguiu garantir. O debate também pautou a importância de vencer a batalha pelo fim do fator previdenciário e pelo reajuste aos aposentados.

Enfrentamento ao capital

Ramon Cardona disse que o movimento sindical internacional possui duas tendências: a que faz o enfrentamento com o capital e a que tenta conviver com o capital. Ramon afirmou que a primeira tendência foi a que construiu a história do movimento sindical no mundo. Ao fim, saudou a realização da Conclat como um evento que tem repercussão importante “não apenas para o movimento sindical brasileiro, mas também latino-americano e caribenho”.

Foto: Luana Bonone
O vice-presidente eleito, José Avelino

José Avelino Pereira, ou Chinelo, como é conhecido o tesoureiro do Sindicato dos Metalúrgicos de Itatiba e Região (SP), foi eleito vice-presidente da FIT Metal. Em sua intervenção, provocou João Batista Lemos (CTB) e Ubiraci Dantas, o Bira (CGTB): “Na primeira Conclat sonhávamos com centrais fortes. Estou orgulhoso da atividade de hoje”. José Avelino também desafiou os presentes: “agora rumo à construção da nossa confederação”.

Foto: Luana Bonone
Bira saudou a unidade entre CGTB e CTB

Bira, diretor da CGTB, também fez referência ao dirigente da CTB João Batista Lemos, lembrando que ambos estão há pelo menos 36 anos na luta sindical.

O dirigente da CGTB fez questão de valorizar os avanços conquistados com a eleição de Lula à presidência da república, mas listou uma série de pautas de luta ainda atuais: mudanças na poítica econômica, sobretudo redução de juros; garantia de que as reservas do pré-sal não sejam leiloadas; e, ao elogiar a valorização do salário mínimo, pautou a importância de uma política que garanta aumento também aos aposentados.

CTB e CGTB incendiando o país

Foto: Luana Bonone
João Lemos Batista discursa ao lado de Ramon Cardona (sentado)

Batista listou sindicatos e lideranças sindicais dos sete estados que compõem a recém-criada federação, dizendo que a entidade representa o campo da luta anticapitalista. Disse que os trabalhadores tiveram importante papel na eleição do “melhor presidente da história do Brasil, que é o Lula”, e reafirmou a importância da classe trabalhadora se manter na vanguarda para eleger a primeira mulher presidente do Brasil. E finalizou convocando para a luta: “A CTB e a CGTB vão por fogo para construir a unidade da classe trabalhadora de todo o país”.

Outra intervenção que reforçou o caráter combativo da nova federação foi a do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul, o Assis: "organização, unidade e luta, porque sem luta não há conquista". Com esta frase Assis iniciou sua fala, que terminou conclamando a nova entidade "nascer com luta", puxando uma vigília ou um dia de paralisação contra o veto do texto aprovado no Congresso Nacional que garante o fim do fator previdenciário e o reajuste aos aposentados.

Foto: Luana Bonone
Cerca de 300 metalúrgicos e metalúrgicas lotaram  Sindicato dos Engenheiros de São Paulo na fundação da FIT Metal

Foram aprovadas cinco moções pelo plenário: de apoio ao fim do fator previdenciário e para que o Lula não vete o texto aprovado; defendendo a iniciativa dos governos brasileiro e turco para garantir o acordo com o Irã, e contestando a posição das grandes potências que querem a guerra; em solidariedade à Palestina e condenando o recente ataque de Israel, com o apoio dos Estados Unidos; em repúdio ao embargo a Cuba; e reafirmando a constitucionalidade do Decreto 4887, de regularização fundiária de comunidades remanescentes de quilombos – o decreto sofre questionamento por Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) movida pelo Partido Democrata (DEM).

O plenário também aprovou o apoio da FIT Metal à pré-candidata Dilma Rousseff nas eleições 2010 e em seguida elegeu os 41 diretores que passam a integrar a mais nova federação do país.

De São Paulo, Luana Bonone