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Crise faz cúpula tucana pedir a Serra que descentralize campanha

 A acampanha eleitoral propriamente só começa em julho, mas a candidatura presidencial da oposição já pensa em mudanças no rumo da campanha, que está em crise. Convocada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a cúpula do PSDB se reuniu ontem em São Paulo para pregar uma correção de rumo da pré-campanha de José Serra à Presidência.

No almoço, que durou três horas, o ex-governador Aécio Neves (MG), o senador Tasso Jereissati (CE) e o ex-ministro Pimenta da Veiga propuseram mudanças na condução da campanha, hoje muito concentrada em Serra.

Chamado às pressas a São Paulo, o presidente do partido, Sérgio Guerra (PE), deixou o encontro com a missão de relatar as preocupações ao candidato.

A falta de diálogo e recentes rompantes de Serra também estiveram em pauta. Todos cobram informações sobre a campanha.

A avaliação foi a de que Serra deveria dedicar mais atenção aos aliados e à montagem de palanques, em vez de desperdiçar energia com a rotina da campanha.

Hoje, um dos principais problemas está na concentração da agenda na mão de Serra, já que o roteiro de viagem tem de ser aprovado previamente pelo candidato.

"É preciso otimizar o tempo do candidato e qualificar sua agenda", defendeu Aécio, à saída do encontro.

A sugestão é que Serra delegue mais, poupando-se para que possa se apresentar bem disposto, inclusive na relação com jornalistas.

"Nosso desejo é que a campanha seja mais produtiva. E faremos sugestões para isso", disse Pimenta da Veiga.

Vice tucano

O risco de desgaste com a demora na definição da vice é alvo de apreensão do grupo. "Todos defendem brevidade na escolha da vice", disse Guerra, um dos cotados para a vice. "Serra deverá caminhar [na escolha] na semana que vem", acrescentou Guerra.

Na reunião, Aécio voltou a defender Tasso para vice. Mas FHC disse que o senador "dá trabalho". "Confesso que não sou nenhum Marco Maciel", brincou Tasso, à saída.

Com a busca de um perfil conciliador, a hipótese de Guerra ganha força, até por sua boa relação com Serra. Mas esbarra no DEM.

Ao fazer um relato, Guerra disse que preferiria um nome do PSDB para a vaga, mas que o DEM poderá indicar o vice para evitar sequelas na campanha. No DEM, Agripino Maia e José Carlos Aleluia são os mais cotados.

Mais agressivo

Na reunião, Aécio Neves recomendou a Serra que fosse um pouco mais agressivo em relação à adversária Dilma Rousseff (PT).

Na manhã de ontem (2), Serra já deu seus primeiros sinais de que não pouparia a pré-candidata do PT de críticas e responsabilizou a petista pelo suposto dossiê contra ele e sua filha Verônica. Os tucanos avaliam que há muitas criticas a serem feitas ao governo e que precisam começar a apontá-las durante a campanha. No entanto, desde o lançamento de sua pré-candidatura, Serra garante que não pretende "baixar o nível". Provavelmente, vai deixar esta tarefa para seus assessores.

Da redação,
com agências