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Uma campanha da imprensa contra os trabalhadores

Os jornalões atacam o governo e os trabalhadores acusando Lula de criar uma República Sindicalista. Quem ganha com isso?

Uma campanha da imprensa contra os trabalhadores

Sempre que os trabalhadores conseguem ter representação no governo federal, os setores mais atrasados e conservadores dos patrões brasileiros agitam-se frenéticos. É o fantasma da República Sindical. Foi assim com João Goulart, em 1964. Tem sido assim ultimamente, quando volta e meia aparecem artigos nos jornais chamando o governo Lula de “República Sindicalista”.

A organização dos trabalhadores aumentou com o governo Lula: o número de sindicatos de trabalhadores urbanos aumentou para 9.046 entidades. Na época de Fernando Henrique Cardoso, em 2001, eram 7.443

Depois que Lula, em 2008, reconheceu as centrais sindicais e destinou para elas a metade da parcela do imposto sindical retida pelo Ministério do Trabalho e do Emprego, a gritaria dos patrões e de seus jornais aumentou para enfraquecer as centrais (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB, a CUT, a Força Sindical, a UGT, a Nova Central e a CGTB)

Duas formas de ataque
O ataque dos patrões e de seus jornais é feito de duas formas. Uma delas aparece na reportagem onde o jornal O Estado de S. Paulo (23.05.2010) diz que existem sindicatos demais e acusa o sindicalismo de ser um “território sem lei” pois não é fiscalizado pelo governo. É uma reportagem tendenciosa e contrária aos interesses dos trabalhadores. Ela desconsidera que esta foi uma grande conquista depois de muitas décadas (principalmente durante a ditadura de 1964) de controle pelo Ministério para impedir os sindicatos de lutar em defesa dos trabalhadores.

A revista Época, por sua vez, acha que tem muito sindicalista no governo do presidente Lula. E reclama, na edição do dia 8 de maio: “Nunca antes na história deste país os sindicalistas e os sindicatos tiveram tanta influência como nos dias de hoje”, diz naquela reportagem. Despreza o fato de que, na verdade, são poucos: são 2.585 ocupantes de cargos de confiança no governo, e isso representa menos de 10% do total de 20.578 cargos de confiança. “É um grande preconceito achar que uma pessoa, por ser sindicalista, não pode ocupar cargos de responsabilidade no governo.

Essa visão “conservadora quer considerar reserva de mercado das elites o exercício de altas funções públicas”, escreveu em seu blog o vice presidente da CTB, Nivaldo Santana.

Preconceito de classe
Para a revista os representantes dos trabalhadores que atuam no governo (seja diretamente nos ministérios e outros órgãos de governo, seja na direção de fundos de pensão estatais e conselhos de fundos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) formam uma “nova classe social” – uma besteira que não encontra fundamento em nenhum cientista social sério. É um pensamento profundamente antidemocrático e preconceituoso. Segundo ele, representantes dos patrões podem participar de todos os níveis do governo porque são “técnicos” e, por isso, “racionais”. Mas os representantes dos trabalhadores não podem porque são “políticos” e, assim, “irracionais”, que não aplicam critérios técnicos em suas decisões. Pelo preconceito de classe dos patrões e seus jornais, é racional tudo o que atende aos seus interesses. Fica fácil assim descobrir porque não querem trabalhadores no governo: eles representam outros interesses, contrários aos patronais e, por isso, a grande imprensa os chama de “irracionais”.

O objetivo é desinformar
O objetivo de matérias desse tipo não é informar mas defender os interesses dos patrões. Esperneiam contra a transferência do imposto sindical para as centrais porque esse recurso fortalece os sindicatos e melhora suas condições de luta por salário, redução da jornada, melhores condições de trabalho, etc. Os patrões não gostam disso…

Outro objetivo é tentar convencer o povo de que governar é um assunto “técnico” para o qual os trabalhadores e seus representantes não estariam preparados. É também uma tentativa de defender o candidato da oposição neoliberal, José Serra (PSDB), contra a ameaça (para eles) de eleição de mais um presidente da República ligado ao campo popular, aos democratas e aos trabalhadores.

Os brasileiros, para azar deles, estão escolados e não caem mais nessa argumentação fuleira.

Pagaram o alto preço por levar em conta a bandeira dos patrões que acusavam o presidente João Goulart de montar uma “República Sindical”. Aquela mentira custou ao país duas décadas de ditadura militar. Hoje, a experiência do governo Lula dá condições aos trabalhadores de distinguir entre os interesses dos patrões que, no governo, agem em seu benefício, e o ganho que significa para o povo ter um presidente popular na direção do Estado brasileiro.