PSDB tenta conquistar o Nordeste com Convenção em Salvador
Sem definir quem será o candidato a vice presidente, o PSDB oficializou a candidatura do ex-governador de São Paulo José Serra à Presidência da República em Convenção Nacional realizada neste sábado (12/6), em Salvador. O evento reuniu lideranças nacionais do PSDB e DEM, como o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, o ex-governador da Bahia, Paulo Souto, o deputado federal ACM Neto, dentre outros políticos aliados
Publicado 12/06/2010 20:22 | Editado 04/03/2020 16:20
A realização da Convenção Nacional em Salvador causou estranheza aos baianos. Afinal, o partido nunca teve muita força na Bahia e seu candidato à Presidência da República, José Serra, obteve pouco mais de 34% dos votos no estado, quando concorreu com Lula em 2002. Hoje, a situação parece não ter mudado muito e o tucano continua sem muita afinidade, não apenas com a BAhia, mas com os nordestinos. Por outro lado, o Nordeste é exatamente a região do país onde a aprovação ao governo Lula é maior, 85% de acordo com a última pesquisa Vox Populi.
Analistas políticos afirmam que a escolha de Salvador para sediar o evento é exatamente uma tentativa de reverter a situação, mostrando que o PSDB e Serra consideram o Nordeste importante. “Mas isto é uma tentativa fadada ao fracasso. Se eles vêm para o Nordeste, para a Bahia, tentar fazer contrapartida ao governo Lula, vão talvez colher um revês muito grande. Porque, é exatamente aqui onde eles não têm ambiente. Ou seja, Lula e seu governo têm uma grande aceitação aqui, exatamente porque seu programa enfrenta os principais problemas do Nordeste, enquanto eles não têm o que apresentar, não têm o que dizer”, afirmou o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, que acompanhou a Comitiva do presidente Lula na visita à Alagoas, Sergipe e Bahia na última semana.
Para Rabelo, este deve ser exatamente o tipo de tentativa desesperada dos tucanos entrarem no Nordeste. “Vai ser difícil eles terem alguma presença na região, porque existe uma aceitação muito grande ao governo Lula e á candidata que o Lula apóia, como reflexo do bom governo em que ela teve papel central. Por tudo isso, aqui não tem nenhum eco o que diz o Serra e o seu PSDB. Portanto eu acredito que tentativas como esta não terão nenhuma repercussão maior aqui no Nordeste. Isto pode exatamente ser um grande revês para eles”, ressaltou.
Confusão
Não é apenas o candidato à Presidência da República do PSDB que tem dificuldade para emplacar na Bahia. O diretório estadual do partido também vem enfrentando problemas com os seus candidatos à Câmara Federal e á Assembléia Legislativa. Sem candidato próprio ao Governo do estado, os tucanos decidiram apoiar ao ex-governador Paulo Souto (DEM), que tenta voltar ao Palácio de Ondina, mas não aceitaram se coligar na chapa proporcional. A decisão criou uma grande insatisfação nos candidatos dos Democratas e colocou a coligação em pé de guerra, enfraquecendo ainda mais o palanque para José Serra no estado.
“O PSDB nunca teve muita força aqui e o carlismo, ou o seu remanescente, está bastante fragilizado, além disso, há muitos conflitos entre eles, o que demonstra a falta de força desta aliança. Na verdade, o PSDB tem que explicar esta aliança com o DEM aqui na Bahia, pois sempre caminhou separado”, disse o presidente do PCdoB na Bahia, deputado Daniel Almeida. Para ele, a realização da convenção nacional aqui é uma tentativa de demonstrar forças na Bahia e no Nordeste que não resultará em acumulo favorável à candidatura de Serra. Pode explicitar inclusive um racha que já se evidencia entre o PSDB e o DEM da Bahia.
Segundo o deputado, “a presença do Serra aqui é o reconhecimento da fragilidade que a candidatura dele tem no Nordeste e também no Brasil inteiro. O povo brasileiro percebe com muita clareza a diferença entre o projeto que ele representa e o que representa a candidatura da Dilma. A Convenção aqui é uma tentativa de tirar a diferença, de tentar uma aproximação com os baianos e com os nordestinos. Mas o povo baiano, brasileiro, nordestino já está com consciência suficiente para não se deixar influenciar por acenos de última hora, que beiram a posições oportunistas, que no passado prevaleceu, mas que já não é a realidade do Brasil hoje”, concluiu.
De Salvador,
Eliane Costa