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Dilma defende desenvolvimento e avanço na educação

Em entrevista ao jornal francês Le Monde, que a chamou de “mulher de caráter”, por não se considerar apenas uma continuadora do presidente Lula, Dilma Rousseff, candidata das forças progressistas à Presidência da República, defendeu o desenvolvimento nacional, o combate à pobreza, avanços na educação e na pesquisa científica. Falando sobre temas internacionais, criticou a política de ameaças, isolamento e sanções.

 "O Brasil vive um momento muito especial, podemos passar da condição de país emergente à de nação desenvolvida”. Isto pressupõe, acrescenta o jornal francês, a manutenção de uma taxa de crescimento de 5,5% a 6% ao ano, durante o próximo mandato presidencial, de 2011 a 2014.

Dilma informou que o governo do presidente Lula conseguiu reduzir o número de pobres de 77 para 53 milhões, mas 19 milhões de brasileiros ainda vivem em condições de extrema pobreza e 34 milhões em condições ainda precárias. Para ela, “o Brasil deve continuar a ampliar sua classe média, que já se tornou majoritária”.

Segundo a candidata, o país se beneficia de um “bônus demográfico”, uma vez que a maioria da população de 193 milhões de pessoas está na idade de trabalhar. Em oito anos, 14 milhões de empregos foram criados.

Doravante, o desafio é dotar o país de um ensino de qualidade. "A integração das regiões pobres do Nordeste e do Norte exige uma mão de obra mais qualificada, seria necessário uma escola técnica em cada cidade com mais de 50 mil habitantes”, defende a candidata. O governo cujo mandato finda em 2010 duplicou o número de escolas técnicas existentes e criou 14 universidades.  

O crescimento exige mais investimentos em pesquisa e no desenvolvimento. "O Brasil não se tornou um grande produtor de gêneros alimentícios unicamente graças à qualidade do solo e às virtudes de seu clima, mas porque nossa excelência em matéria  de pesquisas agrícolas permitiu escolher as culturas adequadas”, sublinha Dilma. Igualmente, as imensas jazidas  de petróleo em águas profundas na camada pré-sal foram descobertas graças à expertise da Petrobrás, uma empresa estatal.
Para ultrapassar o gargalo do estrangulamento da infraestrutura, o governo Lula lançou em 2007 um vasto programa de aceleração do crescimento , o PAC. Dilma Rousseff  foi então apresentada como “a mãe do PAC”, para melhor associá-lo ao balanço da sua gestão como ministra.

Dilma refutou que a execução do PAC esteja atrasada . "A construção de uma central hidrelétrica como a de Jirau e a de Santo Antônio demanda cinco anos, os trabalhos estão bem avançados”, disse. Questionada sobre a correlação existente entre a construção de grandes obras e a corrupção, a candidata disse que “as instituições estão melhorando”.

Dilma não admitiu que haja atraso por parte do governo federal em matéria de segurança pública. A fim de evitar recorrer ao Exército para a manutenção da ordem, foi criada a Força Nacional de Segurança Pública, treinada para intervir em situações emergenciais. Prisões de alta segurança foram construídas, permitindo isolar os chefes do crime organizado, os narcotraficantes que tinham ocupado os territórios abandonados pelo Estado.

Dilma Rousseff não se perturbou diante da evocação dos freqüentes encontros do presidente Lula com Raúl Castro ou Mahmud Ahmadinejad. "Não se faz diplomacia imiscuindo-se nas questões internas de outros países”, exclama. “As ameaças, o isolamento ou as sanções não levam a nada de construtivo”, diz ela a propósito de Cuba e da recente iniciativa da Turquia e do Brasil sobre a questão nuclear iraniana.

Fonte: Le Monde