Mais de 67 cidades de Pernambuco continuam em alerta
O estado de Pernambuco continua em situação de alerta. No dia 19 de junho, o governador Eduardo Campos decretou estado de emergência por causa do enorme estrago que as fortes chuvas provocaram no Recife e no interior do estado. O volume elevado de chuvas em Pernambuco está associado à ausência de infraestrutura adequada para a contenção de cheias, o que também influenciou na devastação sem precedentes em Alagoas.
Publicado 01/07/2010 15:34
Segundo dados do Laboratório de Meteorologia de Pernambuco (LAMEPE) – órgão do governo do estado – todos os pontos de mediação na região apontam um volume de chuvas muito acima da média histórica.
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Entre as cidades afetadas, 67 municípios do estado continuam em alerta. Apesar da diminuição do volume das águas, as chuvas dos últimos dias trazem o risco de novas enchentes e deslizamentos de barreiras. O número de mortos em todo o estado é 20 pessoas.
A árdua reconstrução
Reconstruir. Esta é a palavra de ordem em Pernambuco. Enquanto mais de 40 mil cidadãos lutam para reconstruir suas vidas, o governo do estado e dos municípios atingidos têm agora a árdua obrigação de reconstruir 69 pontes, 1.449 quilômetros de vias destruídas, 25 estações de distribuição de água, 100 postes e mil medidores queimados. Ou seja, a hora é de reverter um colapso sem precedentes na infraestrutura e abastecimento de água e energia de todo o estado.
O prejuízo econômico que as chuvas impuseram a Pernambuco com a destruição da ponte sobre o Rio Una, na BR-101 Sul, é maior do que parece. Fora a questão física da destruição, muitas empresas terão danos irreversíveis em estoque e logística. “Ninguém, em uma catástrofe como essa, que atinge Alagoas e Pernambuco, consegue sair dela sem prejuízos. Na questão das empresas, é extremamente preocupante a perda dos investimentos realizados, do estoque e vendas neste período. Sem ajuda, dificilmente uma empresa atingida, em Palmares e região, por exemplo, conseguirá se reerguer”, avaliou o presidente da Sociedade Pernambucana de Planejamento Empresarial (SPPE), Márcio Borba, durante chat no Pernambuco.com.
Neste cenário, a recuperação das estradas torna-se ponto essencial da questão. Em Palmares (Mata Sul), um dos municípios mais atingidos pela enchente, duas pontes que passam próximas ao Rio Una, na altura do KM 185,6 da BR-101, ruíram uma sobre a outra – interrompendo o acesso de veículos da cidade para municípios importantes como Caruaru e o estado de Alagoas. Segundo o supervisor operacional em Pernambuco do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Emerson Moraes, elas são cruciais para a rede viária pernambucana e precisam ser reconstruídas como prioridade.
O valor da recuperação ainda não foi fechado, mas junto com os 500 quilômetros de estradas que também foram destruídas no local, só em Palmares o governo deverá gastar cerca de R$ 10 milhões. “As pontes antigas custaram quase R$ 5 milhões, só que as novas deverão ser maiores, uma vez que as águas conseguiram destruir o trabalho anterior”, argumentou Moraes. O prazo para os serviços, se as chuvas não provocarem novos prejuízos, deverá ser de sete meses. “Precisamos fazer um trabalho de sondagem do solo, fundação e construção e isso demora. Se chover poderá levar até 10 meses na recuperação dessas pontes”, ressaltou.
A previsão do Dnit é que sejam gastos outros R$ 15 milhões nas demais pontes que foram afetadas no estado. Por se tratar de uma obra emergencial, a licitação pública será dispensada em todos os casos. O Dnit vai analisar a proposta de quatro empresas. As obras devem ser concluídas em até seis meses – segundo determinação legal.
Para ajudar o estado a reconstruir o que foi perdido, o presidente Lula autorizou a liberação de R$ 300 milhões, que ainda não tem data certa para chegar. “A burocracia é muito grande, mas não vamos esperar esse dinheiro chegar. Vamos começar a gastar no que for preciso e, quando os recursos chegarem, pagaremos a conta”, finalizou o governador Eduardo Campos.
Fonte: Diário de Pernambuco