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Novos escândalos de corrupção agravam crise na França

Dois ministros franceses acusados de envolvimento em ações ilícitas e de gastos excessivos renunciaram neste domingo (04). Esse é um considerado um momento político delicado para o governo do presidente Nicolas Sarkozy que enfrenta uma série de escândalos que envolvem conflitos de interesses, favores ilícitos e excesso de gastos.

Alain Joyandet, secretário de Estado da Cooperação, e Christian Blanc, encarregado da pasta de Desenvolvimento da Grande Paris, apresentaram neste domingo suas renúncias ao governo, que as aceitou, informou a Presidência da República.

O próprio presidente Sarkozy e seu primeiro-ministro, François Fillon, pediram para os ministros se demitirem, informou o porta-voz Luc Chatel, esclarecendo que a decisão ocorreu para que assumissem as consequências de "fatos ocorridos nestes últimos dias, os quais os franceses não entenderam nem aceitaram".

As funções de Joyandet ficarão a cargo do ministro das Relações Exteriores, Bernard Kouchner, e as de Blanc ficam nas mãos do titular da pasta de Espaço Rural, Michel Marcier.

Denúncias

Alain Joyandet e Christian Blanc tinham sido alvo de críticas na imprensa por conta de seus excessivos gastos.

"O homem de honra que sou não pode aceitar ser vítima de um amálgama. Depois de muita reflexão, decidi sair do governo", explicou em seu blog Alain Joyandet, que se ocupava, sobretudo das relações com os países africanos.

Joyandet foi criticado em duas ocasiões durante os últimos meses pela imprensa: uma primeira vez em março, por ter alugado um avião privado por 116.500 euros para uma viagem ministerial a Martinica (Antilhas), e outra em junho, acusado de ter se beneficiado de uma permissão de construção ilegal para ampliar a casa que possui perto de Saint-Tropez, no sul da França.

"Não foi desviado dinheiro para meu enriquecimento pessoal ou o de meus familiares", disse Joyandet, que afirmou ter "trabalhado pelos países em desenvolvimento, pelo reforço de nossos vínculos com a África e pela promoção da francofonia no mundo".

O secretário de Estado do Desenvolvimento da Região de Paris, Christian Blanc, foi muito criticado por ter gastado 12.000 euros em charutos cubanos às custas de fundos públicos.

Outros escândalos

As renúncias ocorrem em meio a uma série de polêmicas em torno de diversos ministros franceses por seu modo de vida e seu suposto envolvimento em casos político-judiciais. A polêmica não parou de crescer nas últimas semanas.

O caso mais ventilado foi o do ministro do Trabalho, Eric Woerth, suspeito de "conflito de interesses" por ter desempenhado o cargo de ministro do Orçamento (de 2007 a 2010), quando sua mulher administrava parte da fortuna da herdeira da gigante dos cosméticos L'Oréal, Liliane Bettencourt, sobre a qual pesavam suspeitas de fraude fiscal.

Outros membros do governo foram criticados por se hospedar em hotéis caros e por emprestar suas residências oficiais a familiares.

Medidas anti-trabalhistas

A crise no governo Sarkozy atinge também a classe trabalhadora do país. No último dia 29, trabalhadores franceses realizaram uma greve geral contra as medidas anti-trabalhistas adotadas pelo governo. Eles também protestaram a favor de medidas de estímulo ao emprego no país, já que as ações governistas pretendem extinguir 30 mil vagas de trabalho.

As manifestações aconteceram em cerca de 200 cidades. Milhares de professores, funcionários do correio e de hospitais não foram trabalhar. Muitos bancos foram fechados e alguns operários que foram cortados por causa da crise também participam da manifestação.

A greve dos franceses visa ainda destacar o descontentamento dos trabalhadores com o governo de Nicolás Sarkozy. Os líderes dos grevistas afirmam que a França deveria seguir o exemplo do Reino Unido e oferecer auxílio aos consumidores.

Da Redação, com AFP