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"Para a banca há milhões, para trabalhadores só tostões"

Os sindicatos responderam positivamente ao apelo da Central Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP). Mobilizaram as bases e organizaram vigorosas manifestações em todo o País "contra o aumento do desemprego, a precariedade laboral e os cortes nas políticas sociais e salários" promovidos pelo governo social-democrata liderado por José Sócrates. Na capital (Lisboa), milhares saíram à rua.

"Para a banca há milhões, para os trabalhadores só há tostões." As palavras de ordem multiplicavam-se pelas ruas de Lisboa ao longo da quinta-feira (8), enquanto uma multidão se dirigia a passo lento até à porta da residência oficial do primeiro-ministro, José Sócrates, em São Bento.

Greves, plenárias e passeatas

Nem o calor tórrido que se fez sentir em Lisboa impediu milhares de pessoas de aderir à manifestação convocada pela CGTP, que às 15 horas partiu do Rossio.

A organização sindical desafiou todas as capitais de distrito a aderir ao "Dia Nacional de Protesto e Luta". Um dia que foi de contestação "contra o aumento do desemprego, a precariedade laboral e os cortes nas políticas sociais e salários".

Greves, plenários e manifestações realizaram-se um pouco por todo o País, numa forte demonstração de descontentamento em relação às medidas de austeridade anunciadas pelo governo Sócrates.

É urgente uma política diferente

Por entre bandeiras e megafones, os manifestantes de Lisboa não pouparam as cordas vocais para lançar frases como "O trabalho é o direito, sem ele nada feito" ou "É preciso, é urgente uma política diferente". Um depoimento colhido durante o protesto pela jornalista portuguesa Catarina Reis da Fonseca, do Diário de Notícias, é sintomático do sentimento de revolta que anima o espírito da classe trabalhadora e invadiu as ruas de Portugal no 8 de julho.

– Uma das vozes era a de Maria da Saúde, de 65 anos, que explicou ao DN que estava ali "integrada na luta contra o aumento do custo de vida" e "as medidas do PEC [Plano de Estabilidade e Crescimento, que reproduz velhas receitas neoliberais escritas pelo FMI]". Aposentada do setor metalúrgico porque "o patrão levou a empresa à falência", Maria afirmou que "muitas das regalias que foram conseguidas ao longo dos anos estão a ir por água abaixo. Um país, o progresso e a justiça só se conseguem com emprego", defendeu enquanto voltava a embrenhar-se na multidão.

Denúncia da injustiça

Ainda antes do início do protesto, o secretário-geral da CGTP, Manuel Carvalho da Silva, disse, em declarações à Agência Lusa, acreditar que as manifestações da quinta-feira vão "criar dinâmicas de atenção na sociedade" e forçar o governo social-democrata a dialogar. O líder sindical sublinhou ainda algumas das preocupações inerentes aos protestos, como a "denúncia da injustiça e da incoerência das políticas que têm sido seguidas" e o combate ao "amorfismo e à indiferença".

Quando os manifestantes chegaram ao seu destino, Manuel Carvalho da Silva fez um pequeno discurso em que considerou um "escândalo" que "interesses de especulação financeira e econômica estejam acima dos direitos das pessoas".

Numa resolução aprovada por unanimidade no final do protesto, os manifestantes se comprometeram a participar nas ações de luta que a central sindical aprovar na próxima terça-feira (13). O documento conclama os sindicatos e os trabalhadores a dar continuidade à luta contra as políticas econômicas e sociais do governo social-democrata, mesmo durante o verão europeu.

Da redação, com informações do Diário de Notícias (acessível em http://dn.sapo.pt/inicio/)