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80 milhões de crianças vivem em situação de pobreza

Um estudo realizado em conjunto pela Comissão Econômica para América Latina (Cepal) e a Unicef traça o mapa da pobreza na América Latina. Os dados indicam que cerca de 80 milhões de crianças vivem em situação de pobreza na região. Desse total, 17,9% (32 milhões) vivem em condições de pobreza extrema. Os índices mais graves de pobreza infantil aparecem em El Salvador, Guatemala e Bolívia. Cuba não foi avaliada no informe das agências da ONU.

Entre os 18 países da região, a Argentina ocupa o terceiro lugar em qualidade de vida das crianças pobres, atrás do Uruguai e da Costa Rica. Em seguida aparecem Colômbia, Brasil, México, Perú, Bolívia e Honduras, entre outros. O critério utilizado não é só a renda, mas também as possibilidades de acesso aos serviços básicos como educação, saúde, água potável, alimentação e informação.

“Os governos que melhoraram muito foram o Uruguai, a Costa Rica e a Argentina. Nossos indicadores dão conta de políticas de longo prazo. Se as crianças têm um acesso melhor à saúde, se adoecem menos, se poderão alimentar-se melhor e se terão mais oportunidades de aprender na sua passagem pela escola” disse Enrique Delamónica, assessor de política social e econômica da Unicef.

Em 2005 a Unicef estabeleceu uma definição de pobreza: “As crianças pobres são aquelas que sofrem uma privação de recursos materiais, espirituais e emocionais necessários para sobreviver, desenvolverem-se e prosperarem”. Esta abordagem da pobreza infantil permite entender o fenômeno de maneira integral, não só limitado à questão da renda.

A Cepal e a Unicef elaboraram o informe: “A pobreza infantil: um desafio prioritário” – cujo resultado final será publicado em aproximadamente dois meses -, que mediu os níveis de pobreza das crianças da América Latina. Os melhores colocados foram Costa Rica, com 20,5% de sua população infantil na pobreza; o Uruguai (23,9%) e em terceiro, a Argentina (28,7). Embora os números sejam altos, contrastam com os resultados de outros países da região. Encabeçando os piores resultados estão: El Salvador (86,8%), Guatemala (79,7%), Bolivia (77%), Perú (73%), México (40%) e Colômbia (38,5%). Cuba não aparece no informe.

O trabalho pretende oferecer ferramentas para que os países possam medir a pobreza corretamente. Por isso, destacam que não se pode levar em conta apenas os indicadores salariais, os dados da inflação e o custo da cesta básica.

“Os pais podem ter renda abaixo da linha da pobreza, mas graças às políticas públicas voltadas à educação, saúde, alimentação, as crianças não sofrem uma condição de pobreza infantil, entendida como a perda de direitos essenciais”, explicou Delamónica.

Os dados para o informe foram recolhidos entre 2006 e 2007. Apesar de aparentemente desatualizados, técnicos da Unicef e da Cepal explicaram que as pesquisas que tomam serviços básicos como indicadores mudam em períodos maiores que três anos, enquanto que os indicadores que tomam somente a renda são atualizados mensalmente. Esta não é uma diferença menor, sobretudo num país onde as estatísticas públicas estão sob suspeita e qualquer consultoria diz ter a capacidade de medir níveis reais de pobreza.

O informe destaca ainda que “A existência de privações severas ou moderadas que afetem à população infantil são superáveis a partir de uma maior intervenção direta dos Estados – em saúde e educação – e indireta, mediante o aumento da renda das famílias, seja pela criação de emprego ou por políticas de transferência de renda. O investimento social e o gasto público para a infância não só devem incrementar-se para melhorar as condições de vida das crianças, mas também para promover um desenvolvimento mais igualitário”.

Agencia Carta Maior