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Índios acusam PM de usar violência durante desocupação

Os índios que estavam acampados desde janeiro na Esplanada dos Ministérios foram retirados do local neste sábado (10) pela Polícia Militar do Distrito Federal. A ação começou por volta das 6h da manhã sob protesto dos índios. Eles afirmaram que houve violência na retirada e que os policiais usaram sprays de pimenta.

Três pessoas foram presas durante a operação – duas delas já foram liberadas. O delegado Laércio Rossetto, da Polícia Civil, disse que as prisões ocorreram por conta de resistências durante a desocupação e explicou por que a operação começou tão cedo. “Geralmente os mandados de busca e apreensão começam às 6h da manhã porque nesse horário as pessoas estão menos sujeitas a esboçar reação”.

Em nota, a Fundação Nacional do Índio (Funai) afirmou que a desocupação do acampamento foi feita depois de serem esgotadas as negociações para a saída voluntária.

A retirada foi determinada pela 6ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal. De acordo com a nota da Funai, as negociações iniciadas em janeiro resultaram na retirada voluntária de 186 índios do local e os que lá permaneceram não pertencem a qualquer etnia.

O índio Carlos Pankararu refutou a informação da Funai e afirmou que no acampamento havia representantes das etnias Pankararu, Atikum, Xukuru, Tupinambá, Guajajara, dos estados do Maranhão, Bahia e Pernambuco. Ele reclamou que durante a ação não foi apresentado o mandado de retirada e protestou. “A polícia usou de violência. Vivemos em um mundo em que não temos direito a nada”.

Na nota, a Funai disse ainda que durante todo o período em que os índios permaneceram acampados os canais de negociação mantiveram-se abertos. “Mas os indígenas se recusaram sequer a dialogar com a Funai”.

A fundação informou ainda ter disponibilizado transporte, alimentação e vagas em hotéis para aqueles que não residem em Brasília, até o retorno às suas aldeias.

Cerca de 200 policiais participaram da desocupação. A estimativa apresentada pelos índios é de que havia 200 pessoas no acampamento. Carlos Pakarararu afirmou que agora os índios vão acampar em frente ao prédio da Funai e que quatro ônibus estão vindo do Nordeste para protestar.

Os índios iniciaram o acampamento para protestar contra mudanças administrativas na Funai. No dia 1º de junho eles haviam conseguido uma liminar para permanecer no local.

Agência Brasil