Soldados israelenses dançam em zona de guerra na Palestina

Um grupo de soldados recebeu críticas em Israel após disponibilizar na internet um vídeo em que aparecem dançando fardados enquanto faziam patrulha na cidade de Hebron, Cisjordânia, território palestino sob invasão de Israel. Segundo o espanhol El Mundo, na primeira versão havia comentários afirmando que a cena era uma chacota com palestinos. “É fácil rir da ocupação quando você é quem ocupa", escreveu um internauta.

Os soldados aparecem fazendo a habitual patrulha, escutam o Adhan – som emitido pela minarete das mesquitas indicando que é hora de uma das orações islâmicas – quando, de repente, desfazem a fila e começam encenar uma coreografia. A música é Tick Tock, da cantora norte-americana Kesha. Após ir para o YouTube com o título Rock the Casbah in Hebron, o vídeo se tornou uma polêmica mundial.

O grupo de soldados alega que a dança foi em comemoração pelo fim dos três anos de serviço militar. Porém, a brincadeira de mal gosto gerou uma punicão que aumentará o tempo de serviço para todos.

O exército israelense proíbe que os soldados disponibilizem na internet vídeos e fotos que mostrem detalhes das operações militares. "O comandante do batalhão vai estudar o caso e determinar a gravidade, tanto do ato, como do castigo que os soldados devem receber”, disse um porta-voz militar à Efe.

Sem graça

O fato isolado, o vídeo em si, parece ser apenas uma brincadeira engraçada para quebrar um pouco o clima pesado da opressão que a situação da invasão impõe. Mas, entendendo o contexto em que são feitas as patrulhas, dá para se chegar a uma conclusão diferente.

As patrulhas na cidade não são para garantir a segurança da população palestina, mas sim dos cerca de 600 colonos judeus ultra-ortodoxos que moram nela. A violência contra eles – que é recíproca, eles são muito bem armados pelo exército de Israel – é a desculpa perfeita para o governo israelense colocar nas ruas seus soldados. A cidade, vez ou outra, é palco de violentos embates entre militantes palestinos e os colonos, cuja presença na região é condenada por leis internacionais, inclusive pelos maiores bajuladores de Israel: os EUA.

A conotação religiosa também é pesada. Hebron é sagrada tanto para o judaísmo quanto para o islamismo, por abrigar os túmulos de Abraão, Isaque e Jacó, os três patriarcas judeus – Abrão também é pai de Ismael, que é o patriarca árabe. A hora do toque do Adhan foi o pior momento para a brincadeira, já que conota o horário das orações dos muçulmanos da região. Chega-se fácil a conclusão que nem a hora, nem o lugar foram apropriados para a realização da "brincadeira" e que tudo no vídeo tem uma forte conotação de falta de respeito, tanto para o povo palestino, quanto para a religião muçulmana.

Será que o vídeo continuaria sendo tão engraçadinho se fosse um grupo de soldados iranianos dançando Lady Gaga em Auschwitz?

Fonte: divulgação camfwayne, texto da TV Vermelho, com informações de agências.