Diferença de metodologia explica diferença nos números?
Institutos de pesquisa diferentes podem realizar um mesmo trabalho recorrendo a metodologias distintas. É o que acontece, por exemplo, nos levantamentos eleitorais.
Por Jose Roberto de Toledo, no iG
Publicado 25/07/2010 14:53
Tanto o Instituto Vox Populi quanto o Instituto paulista Datafolha fazem entrevistas, milhares de entrevistas, para aferir a opinião do eleitor. Acontece que os dois institutos possuem metodologias distintas para realizar levantamentos sobre intenção de voto. Isso explica eventuais variações no resultados de amostras coletadas ao longo das eleições.
Uma das principais diferenças está na “busca” pelos entrevistados. O Datafolha, por exemplo, faz a abordagem nas ruas por entender que não há como ter acesso completo a residências em determinados locais, como edifícios e favelas.
Ou seja, seus pesquisadores realizam as entrevistas sem ter meios de comprovar exatamente onde as pessoas moram.
Já as entrevistas do Vox Populi são pessoais e domiciliares. Os principais institutos brasileiros não aceitam pesquisas por telefone.
O desenho da amostra também varia conforme os institutos. Para montar o universo a ser pesquisado, o Datafolha utiliza informações sobre eleitores obtidas do Tribunal Superior Eleitoral e dados sobre sexo e faixa etária com base no IBGE.
O Datafolha não leva em conta, porém, dados sobre escolaridade ou renda familiar mensal. Já o Vox Populi usa dados censitários do IBGE e realiza um roteiro aleatório para escolha dos domicílios.
O Ibope, por sua vez, seleciona probabilisticamente os municípios e leva em conta variáveis como sexo, idade, grau de escolaridade e dependência econômica.
A ordem das perguntas também distingue a forma como os entrevistados são abordados. Por entender que a ordem pode influenciar as respostas, o Datafolha não faz perguntas que estimulem nomes de candidatos, partidos ou avaliações de governo antes das questões sobre em quem o eleitor pretende votar.
Já outros institutos têm como método técnicas para "esquentar" o entrevistado — caso do Ibope, que faz as chamadas perguntas "quebra-gelo" para introduzir o entrevistado ao assunto (no caso, as eleições).
Há empresas que optam em perguntar sobre a situação do país antes de aplicar os questionários da pesquisa. É comum entre institutos perguntas referente ao grau de conhecimento sobre os candidatos citados nos formulários.
O tamanho da amostra também varia entre institutos. O Datafolha considera não haver um tamanho ideal de amostra — e utiliza, para pesquisas nacionais, amostras superiores a 2.500 entrevistas e sempre margem de erro de 2%, No últimos levantamento feito pelo Vox Populi, que apontou Dilma Rousseff (PT) à frente do candidato José Serra (PSDB) na disputa presidencial (41% a 33%), foram ouvidas 3.000 pessoas, e a margem de erro foi de 1,8% para mais ou para menos — quanto maior a amostra, menor a margem de erro.
Vale lembrar também que institutos como o Vox Populi costumam ouvir eleitores que moram na zona rural , ao contrário de outras empresas, que atuam somente nas zonas urbanas. Isso também pode explicar possíveis diferenças entre sondagens.
Fonte: Portal iG