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Chávez alerta para ataque de Bogotá e ameaça corte de petróleo

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, alertou, neste domingo (25) sobre a possibilidade de uma incursão armada da Colômbia no território de seu país. Ele afirmou que, caso o ataque se concretize, cortará o envio de petróleo aos Estados Unidos, que estaria incentivando a agressão. As declarações foram dadas em Caracas, nesse domingo, em grande ato organizado pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e que reuniu uma multidão.

"Avaliando informações de inteligência (…), a possibilidade de uma agressão armada contra território venezuelano, tem uma probabilidade como nunca teve nesses anos(…). Tudo aponta para a proximidade do ataque que não parte só da Colômbia, mas principalmente dos Estados Unidos, que é o grande instigador'', afirmou Chávez, ao anunciar o cancelamento da viagem a Cuba, prevista para este domingo.

Diante de milhares de pessoas, Chávez advertiu que os Estados Unidos, utilizando a Colômbia, mantém uma "ameaça armada contra a Venezuela, inventando qualquer desculpa." O presidente venezuelano lembrou o que aconteceu com o Iraque e o governo de Saddam Hussein. "O império ianque é perito em inventar qualquer desculpa . Lá no Iraque, inventaram a história das armas de destruição em massa".

"Era mentira que o Iraque ou o governo de Hussein tivesse essas armas, eles procuram qualquer justificativa para invadir um país, matar ou sequestrar qualquer presidente que decidam ", disse o mandatário, recordando ainda a invasão norte-americana do Panamá, onde milhares de cidadãos panamenhos foram mortos por um bombardeio estadunidense para derrubar o então presidente Manuel Noriega, acusando-o de apoiar o tráfico de drogas.

"O império borte-americano não tem limites em sua capacidade de manipulação", enfatizou, reiterando que o conflito com a Colômbia é alimentado por Washington, que tenta justificar também uma invasão à Venezuela. "Já faz algum tempo que o governo da Colômbia entregou a soberania do seu povo e seu território" e, de lá, "os ianques ameaçam com armas o seu país, inventando qualquer desculpa", disse Chávez a uma multidão de apoiadores do PSUV.

O chefe do governo venezuelano mostrou sua preocupação pelo envio de uma frota norte-americana à Costa Rica e disse que se trata de "uma ameaça para a Venezuela". Ele declarou que o governo de Washington tende sempre a estender suas forças antes de lançar uma ofensiva militar contra qualquer país. "Lá está essa frota na Costa Rica, para o caso de qualquer reação de outras nações centro-americanas e do Caribe, ante uma agressão contra a Venezuela", disse.

"Nem mais uma gota de petróleo"

"Se houver qualquer agressão armada contra a Venezuela, vinda do território colombiano ou de qualquer outro lugar, causado pelo império ianque, suspenderemos os carregamentos de petróleo aos EUA, mesmo que tenhamos de comer pedra aqui", afirmou Chávez. "Não mandaremos uma gota mais para as refinarias dos EUA."

Cerca de 15% do petróleo importado pelos EUA vem da Venezuela. Um corte abrupto no fornecimento, no entanto, atingiria também gravemente a economia venezuelana. Caracas vende envia 1,5 milhão de barris por dia para os americanos – cerca de 65% de sua produção.

"O petróleo, não nos faltará quem compre. E se não comprarem, o que importa? Aqui estamos dispostos a defender a dignidade de nossa pátria, custe o que custar", afirmou, ao ser ovacionado com gritos de "Chávez, amigo, o povo está contigo!"

Temendo a possibilidade de uma "agressão armada contra o país", Chávez cancelou ontem sua viagem a Cuba. Ele chegaria ontem a Havana e participaria da festa de comemoração do assalto ao Quartel Moncada, em 1953, considerado o início da luta armada que culminou na Revolução Cubana.

Depois da exacerbação da crise bilateral, o governo venezuelano mantém-se alerta para salvaguardar a soberania do território nacional e implementar a estratégia precisa diante de cada contingência, disposições que incluem a ordem de máxima vigilância na fronteira.

No meio da crise, o ministro de relações exteriores ratificou o desejo de construir relações de verdadeira cooperação com algum governo colombiano, sobre a base do respeito mútuo. "Oxalá seja com o próximo (que assumirá no próximo dia 7 de agosto)", sentenciou na fronteira com a nação vizinha, em um ato que reuniu colombianos e venezuelanos.

Em Táchira e Zulia milhares de pessoas clamaram pela paz em uma demonstração da irmandade entre os homens e mulheres radicados em ambos lados da fronteira, que, para alguns, mais que uma linha divisória, é um ponto de convergência e encontro.

Incursão no Equador

No sábado, o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, afirmou pela primeira vez que a invasão militar no Equador, em 2008, para bombardear um acampamento das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) foi "necessária". Em março de 2008, Uribe autorizou a incursão militar no território do país vizinho para o bombardeio a um acampamento das Farc próximo à fronteira com a Colômbia. Na operação militar, foi morto Raúl Reyes, considerado como o chanceler da guerrilha, e outras 25 pessoas.

"Nós fizemos isso por estado de necessidade para enfrentar a um terrorista que assassinava a nossos compatriotas, nunca para defender a um povo irmão", afirmou Uribe, em um ato de governo. Essa foi a primeira vez que Uribe comentou a relação com os vizinhos desde a ruptura de relações com a Venezuela, na quinta-feira.

A invasão levou o governo do Equador a romper relações com a Colômbia, vínculo que até hoje não foi reestabelecido totalmente.