Desemprego em alta mostra que EUA ainda não superaram a crise
Os últimos indicadores sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos revelam que o país ainda não conseguiu superar a recessão iniciada em dezembro de 2007. A economia perdeu 131 mil postos de trabalho em julho. A taxa de desemprego ficou estável em 9,5%, segundo informações divulgadas nesta sexta (6) pelo Departamento do Trabalho.
Publicado 06/08/2010 15:07
Segundo o relatório, foram criadas 71 mil vagas em atividades não agrícolas do setor privado. No entanto, isso não foi suficiente para contrabalançar o corte de postos no governo. Em julho, um contingente de 143 mil funcionários temporários do Censo encerrou os trabalhos e foi dispensado.
Expectativa frustrada
Os resultados ficaram abaixo do que o mercado esperava. Analistas de Wall Street apostavam que o setor privado não rural teria criado pelo menos 90 mil postos de trabalho no mês. O governo informou ainda que a taxa de desemprego (9,5%) e o número estimado de pessoas ocupadas (14,6 milhões) permaneceram estáveis.
A economia dos Estados Unidos cortou empregos pelo segundo mês seguido em julho, com mais demissões de funcionários contratados para o censo e um aumento menor que o previsto da contratação no setor privado. O setor privado gerou 71 mil empregos após criar 31 mil em junho. O governo revisou o dado de maio e junho sobre o emprego para mostrar criação de 97 mil vagas a menos que o estimado anteriormente.
O relatório sobre o mercado de trabalho dos EUA mostrou ainda que 45% dos norte-americanos desempregados, ou 6,6 milhões de pessoas, estavam sem trabalho há mais de seis meses até julho. Quanto mais tempo sem trabalho, maior a dificuldade para recolocação, uma vez que os empregadores resistem em contratar pessoas sem emprego por um período longo. A média de horas trabalhadas por semana em julho aumentou para 34,2 horas, de 34,1 horas em junho. A média do ganho por hora trabalhada subiu US$ 0,04 para US$ 22,59 em julho.
Trilhões para os bancos
Desde o início da crise já foram destruídos cerca de 9 milhões de postos de trabalho na maior economia capitalista do mundo. Estima-se em cerca de 30 milhões o total de trabalhadores e trabalhadoras desempregadas e subempregadas. Os governos Bush e Obama injetaram trilhões de dólares na economia com o objetivo (anunciado) de deter a crise e incentivar a recuperação.
Todavia, os resultados concretos foram decepcionantes se tomarmos por critério o desempenho do mercado de trabalho. Dois anos e meio depois do início da recessão a oferta de emprego rareia e a supressão de vagas prossegue. Os recursos públicos carreados para a economia foram destinados basicamente ao resgate do sistema financeiro.
Migalhas para o trabalhador
Os bancos voltaram a lucrar, as bolsas ensaiaram recuperação. O Estado destinou migalhas à classe trabalhadora e a medidas contra o desemprego, de modo que o mercado de trabalho continua arisco. Além de perder o emprego, muitas famílias operárias foram despejadas de suas residências em função da inadimplência com a dívida hipotecária. O presidente também prometeu aliviar a situação dos mutuários, mas pelo visto também não cumpriu tal compromisso.
Entre os trabalhadores, o segmento mais sacrificado é constituído por imigrantes, com destaque para os indocumentados ou ilegais, sujeitos a toda sorte de arbitrariedades. Contrariando as expectativas, as deportações de imigrantes aumentou durante o governo Obama.
A anemia do capitalismo americano contrasta fortemente com o crescimento da China e de outros países considerados emergentes, respaldando o processo de desenvolvimento desigual das nações e de decadência histórica e crise da hegemonia dos EUA, bem como fortalecendo a necessidade de uma nova ordem mundial.
Da redação, Umberto Martins, com agências