Seminário discute combate à violência contra mulheres do campo
As medidas de combate à violência contra a mulher ainda não chegaram ao campo. Para reverter essa situação, o 2º Seminário No Campo e na Floresta, Políticas Públicas Para as Mulheres, realizado em Brasília, nesta terça-feira (10), discute políticas públicas para o campo. Na ocasião, foi assinada portaria que institui diretrizes de enfrentamento à violência contra as mulheres por meio de ações nas áreas de saúde, educação e assistência social.
Publicado 10/08/2010 17:14
A secretária de Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Carmem Foro, disse que a portaria já é um grande avanço para as mulheres. “Saímos de um patamar de invisibilidade e hoje temos um marco que vai regular as políticas dirigidas para as mulheres rurais”, explicou.
A secretária reconhece todo esforço do atual governo com a classe, mas cobrou maior compromisso com as particularidades das mulheres do campo. “Vivemos em um país que, há bem pouco tempo, começou a dar um pouco de atenção ao meio rural brasileiro. O histórico de abandono tem reflexo na vida das pessoas”, disse, ao participar do evento.
De acordo com a secretária, faltam ações no âmbito do atendimento à mulher agredida e na prevenção à violência, assim como medidas voltadas ao fortalecimento da autonomia econômica das trabalhadoras rurais, para que elas possam sair de situações de violência.
“Todas essas questões podem nos ajudar a desconstruir um processo histórico de uma visão da sociedade sobre o lugar das mulheres. Precisamos de um conjunto de políticas que se articulem”, afirmou, ao destacar áreas como saúde e educação.
Carmem reclamou da pouca quantidade de pesquisas e estudos sobre a violência contra mulheres no campo. A ausência de um diagnóstico preciso no país foi confirmada pela secretária nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Aparecida Gonçalves.
Para ela, o maior desafio é chegar às áreas rurais, uma vez que as longas distâncias dificultam o atendimento às vítimas e o acesso à informação para a prevenção. “A mulher da cidade, quando sofre violência, pode ter pouco dinheiro, mas tem como chegar a uma delegacia, a um centro de referência ou a um posto de saúde. A mulher do campo e da floresta não, ela vai ter que esperar o ônibus pra vir à cidade.”
A ministra Nilcéa Freire, da Secretaria de Políticas para as Mulheres, abriu o seminário que reúne cerca de 100 representantes dos movimentos sociais e do governo federal que trabalham na área.
De Brasília
Com agências