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Dirigente do Fed admite incompetência diante do desemprego

Um dos dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Narayana Kocherlakota, confessou nesta terça-feira (17/8) a incompetência da instituição que comanda a política monetária do país para lidar com o desemprego, que assumiu dimensões dramáticas com a crise e permanece em nível elevado apesar das medidas adotadas pelas autoridades econômicas para estimular a economia.

"É difícil conceber o que o Fed pode fazer mais para resolver este problema", disse num discurso o presidente do Fed de Minneapolis (Minnesota, norte).

Futuro preocupante

"A retomada monetária trouxe condições para as fábricas contratarem novos operários. Mas o Fed não tem os meios de transformar os BTP (disponíveis no mercado de trabalho) em operários da indústria", lamentou Kocherlakota a dirigentes de empresas em Marquette (Michigan, norte), segundo o texto de seu pronunciamento transmitido à imprensa em Washington.

Explicou que embora preveja uma aceleração do crescimento até o final de 2010 e em 2011, "a falta de vitalidade do mercado de trabalho nos Estados Unidos não pode ser classificado, senão, de preocupante".

"As empresas têm empregos, mas não conseguem encontrar trabalhadores qualificados. Estes querem trabalhar, mas não encontram empregos que lhes convenham", lamenta Kocherlakota.

"Tendo em vista os problemas estruturais do mercado de trabalho, não prevejo uma redução rápida do desemprego. Minha própria previsão é de que a taxa ficará acima de 8% em 2012", contra 9,5% hoje, precisou.

Opção pelos ricos

A verdade, que o dirigente do Fed não mencionou, é que governo e banco central dos EUA atuaram vigorosamente para resgatar o sistema financeiro, ou seja, salvar bancos e banqueiros. Para tanto, injetaram trilhões de dólares na economia e ampliaram até os últimos limites o déficit público e o endividamento.

Pouco ou nada fizeram, porém, para estimular a produção, interromper os despejos de trabalhadores que depois de demitidos e sem dinheiro para pagar hipotecas perderam também as casas, ou conter o avanço do desemprego. O Estado, capitalista, fez uma clara opção pelos ricos e ajudou a descarregar o peso da crise sobre as costas da classe trabalhadora.

Desde o início da recessão nos EUA, em dezembro de 2007, mais de 8 milhões de postos de trabalho foram destruídos. Estima-se em cerca de 30 milhões o total de desempregados ou subempregados no país. Os maiores prejudicados são os imigrantes latino-americanos, que amargam não só uma intensificação da exploração como também (no caso dos indocumentados) da repressão e das deportações.

Os trilhões injetados pelo governo e banco central (Fed) na economia devolveram lucros gordos aos bancos e estimularam o mercado de capitais, de modo que os grandes empresários e investidores, sobretudo rentistas (que vivem especulando e nada aplicam nos setores produtivos), já saíram do sufoco e estão relativamente bem. Não se pode dizer o mesmo da classe trabalhadora. Para os dilemas que esta vive, o Estado capitalista é confessadamente incompetente, como admitiu o dirigente do Fed.

Da redação, Umberto Martins, com agências