Estudantes dão orientações jurídicas para moradores de rua

Moradores de rua ganham assessoria jurídica de alunos da Faculdade de Direito da USP. Iniciativa de estudantes firmará convênio com órgão do Estado

Um grupo de alunos e graduados da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) atende desde julho aos moradores de rua de São Paulo que se sentem injustiçados de alguma forma. A maioria das queixas é sobre abuso policial ou destrato em albergues, diz Raquel Lima, uma das coordenadoras da ouvidoria.

A ouvidoria não advoga pelos moradores de rua, mas os instrui e auxilia em meio aos trâmites da Justiça, encaminhando os processos para a defensoria pública e acompanhando depois o andamento.

– A gente tem um escopo bem amplo. A gente recebe desde violência policial, até queixas de equipamento para população, como albergues discriminatórios. Situações que exijam um atendimento jurídico mesmo a gente encaminha para a defensoria pública de São Paulo.

Em breve, o poder de atuação da ouvidoria deve ser ampliado, em razão da assinatura de um convênio com o Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana). Como órgão do governo estadual, o Condepe tem mais poder para requisitar documentos que ajudem a elucidar os casos da ouvidoria, segundo a advogada Michael Mary Nolan, conselheira do Condepe.

– Se um órgão público não responde as solicitações do Condepe pode responder até criminalmente por isso.

Além do Condepe, a ouvidoria conta com a colaboração do Movimento Nacional da População em Situação de Rua, do Fórum Permanente de Acompanhamento das Políticas Públicas da População em Situação de Rua e da Organização Civil de Ação Social, responsável pela publicação da revista Ocas – publicação que visa a dar uma oportunidade para moradores de rua os colocando como vendedores, além de promover oficinas e cursos de capacitação.

Começo

Raquel conta que a ideia de fazer a ouvidoria surgiu com a instalação da Clínica de Direitos Humanos Luiz Gama pelo Centro Acadêmico XI de Agosto, da USP. O termo “clínica” significa um meio de pôr em prática os conhecimento desenvolvidos na sala de aula, criando um vínculo com a comunidade. O conceito surgiu nos EUA e, por lá, já é posto em prática em outras áreas do conhecimento.

Os cerca de dez estudantes que constituem a ouvidoria do morador de rua têm interesse nesse tema, o que motivou a abertura da ouvidoria, conta Raquel.

– A gente queria ouvir demandas de áreas específicas e, a partir de demandas concretas, pensar na nossa atuação [como estudantes de direito].

Raquel diz considerar que o trabalho da ouvidoria ainda está no começo. Diariamente, a ouvidoria recebe uma denúncia, em média, e cerca de seis moradores de rua vão conhecer os serviços e tirar dúvidas.

Serviço

Ouvidoria do morador de rua de São Paulo
Onde: rua Campos Sales, 88 – Brás, São Paulo, SP
Quando: Todas as quintas-feiras, das 14h às 17h (exceto feriados)
Mais informações: tel. (11) 3208-6169 ou e-mail [email protected]

Fonte: R7