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EUA dizem que não se opõem a investimentos da China na AL

Os Estados Unidos não se opõem aos investimentos da China na América Latina e não veem a crescente influência da nação asiática na região como uma ameaça a seus interesses. Pelo menos foi isto o que disse o secretário-adjunto de Estado para a América Latina, Arturo Valenzuela, nesta quinta (19) em Pequim. "O compromisso, investimentos e negócios da China com os países latinos ajudam a fortalecer a economia e prover emprego a pessoas destes países", afirmou.

Segundo Valenzuela, os Estados Unidos e a China compartilham objetivos comuns na América Latina. Em sua retórica, ambos querem elevar os padrões de vida, melhorar a estabilidade política e fortalecer a segurança na região. Na prática, as coisas não são bem assim. O império defende interesses econômicos e geopolíticos na região, recentemente esteve por trás dos golpes militares na Venezuela (2002), que fracassou, e em Honduras, que acabou institucionalizado através de um pleito controvertido.

Mudança

Valenzuela afirmou que o governo norte-americano tem um relacionamento mais significativo com a região do que Pequim. Segundo o secretário, cerca de 40% do comércio global dos EUA ocorre com a América Latina. No caso da China, a América Latina representa apenas 5%.
Esses números, porém, merecem uma análise mais cuidadosa. O fato é que o maior parceiro dos EUA na América Latina é o México, que destina 80% de suas exportações ao supermercado estadunidense e amarrou seus destinos ao do império através do Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte).

A China estreitou suas relações com os países que compõem ao Mercosul, de tal modo que ao longo do ano passado tornou-se a maior parceira comercial do Brasil (que tem o maior PIB da América Latina), deslocando os Estados Unidos, cuja importância econômica relativa vem declinando a olhos vistos, especialmente depois da recessão iniciada em dezembro de 2007.

Crescimento extraordinário

Já o comércio chinês com a América Latina experimenta um crescimento que pode ser definido, sem exageros, como extraordinário. Avançou cerca de dez vezes na última década, em função da busca da China por novas fontes de matérias-primas e do crescimento das aquisições de produtos chineses pela América Latina.

Este movimento da economia possui um caráter objetivo, ou seja, independe da vontade e, até certo ponto, mesmo da ação dos indivíduos e governos. Os Estados Unidos pouco ou nada podem fazer para interrompê-lo. Além disto, Tio Sam é hoje fortemente dependente dos préstimos e, sobretudo, empréstimos chineses, o que também ajuda a explicar as opiniões emitidas pelo secretário-adjunto de Estado para a América Latina.

Investimentos

O fato é que a influência comercial e financeira da China provoca mudanças no quadro geopolítico que objetivamente ameaçam a hegemonia dos EUA na região (e no mundo). Mudanças nas relações econômicas que também vão ao encontro do novo cenário político que emergiu após a eleição de governos progressistas que defendem um desenvolvimento soberano e integrado dos países latino-americanos.

A nova potência asiática ganha relevância também em relação à exportação de capitais. A China emprestou US$ 20 bilhões à Venezuela no início do ano, o que beneficia a revolução bolivariana liderada por Hugo Chávez, e tem investido pesadamente no Brasil, que possui fortes reservas de minério de ferro. O comércio da China com a América Latina atingiu US$ 143 bilhões em 2008, de acordo com os dados oficiais mais recentes.

Da redação, Umberto Martins, com agências