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Netinho: não subestimar a gente do povo

“Vote em quem é preparado” é bordão manjado em campanha eleitoral. Na campanha do senado em São Paulo apareceu de novo. Mas atenção: não é neutro; expressa preconceito sobre quem supostamente não seria preparado, ou contra alguém novo.

Por Walter Sorrentino*

Novo foi Lula na presidência. Nova será Dilma, idem. Novo foi Eduardo Campos em Pernambuco. Quer dizer, acacianamente, renovação implica nomes novos.

Pode-se dizer, nos casos citados, que são gente do mundo político já consagrado… Mas isso não explica “preparo”. José de Alencar era nome fora do circuito político, apenas empresarial, e foi um sucesso político estrondoso. E daí?

Falo de Netinho no Senado. Nesta eleição representa sensibilidade com problemas do povo, uma pessoa ligada à realidade mais profunda da vida dos brasileiros das camadas mais desassistidas da sociedade. Quantos dos outros candidatos conhecem a fundo essa realidade, sabem interpretá-la e transformá-la?

Netinho é empresário vitorioso vindo do zero, de vendedor de bala em trens na periferia. Venceu na vida, na carreira, na arte, na constituição de uma família com 7 filhos, dois adotivos. Não é preparo para a vida? Ainda mais no Brasil, onde se sabe que a maior medida do sucesso de trajetória depende do ponto de partida. Netinho veio do zero, fez-se por talento, diligência, pessoa centrada e inteligente.

Netinho não chegou agora na política. Mais, ele tem lado em política, isso ele deixa bem claro há tempos. Vislumbrou em Lula o novo Brasil. Compreende o significado de continuar isso com Dilma e Mercadante. Veio para o PCdoB – não é uma opção qualquer; aliás, era a mais difícil. Tem compromisso com a nação, o desenvolvimento, a democracia, a distribuição de renda e contra a discriminação racial. Isso é quase instintivo em Netinho e foi mais burilado com a arma da consciência.

Netinho tem experiência política sim, como vereador de São Paulo. É gente que une o povo, sem sectarismo, para empreender o caminho da superação das dívidas históricas acumuladas no país por uma elite insensível que sempre pensou o Brasil para uma parcela minoritária da sociedade. É hora de todos os brasileiros, Netinho representa isso. Netinho agrega, cativa e não agride.

De fato, Netinho não tem alguma experiência. É fácil identificar: ele não é arrivista político. Ele não vive de rendas, por exemplo, nem é do campo dos que especulam com títulos da dívida pública, o que lhe garantiria amizade com plutocratas modernos. Não é também político tradicional, mas esse é o lado bom, porque simboliza, como já disse, renovação na política.

Netinho é negro, não é daqueles que têm alma branca. Quantos negros há no comando das instituições nacionais? Uma vez Netinho disse a mim: a experiência concreta é que dois “manos”, terminado ou largado o ensino médio, saem da periferia para buscar emprego. Quando voltam um encontrou mais rápido; outro ainda não encontrou. Em 100% dos casos esse segundo é negro. Dói, mas essa a experiência real dele.

Acho que na vida como na política Netinho está mais que preparado para o papel que ele disputa de representar os paulistas no Senado. O povo vai julgar e eleger, mas o melhor é que isso seja sem preconceitos e estereótipos. Aliás, mais que um crime, acho estúpido explorar preconceitos assim.

Depõe contra os que o fazem. E é uma forma de depor contra o país e seu povo.

Repito: Netinho tem grandes qualificações políticas e humanas.

*Walter Sorrentino é secretário de Organização do PCdoB