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Movimentos fazem ato contra militarização na América Latina

Movimentos feministas de diversos países realizaram nesta segunda-feira ( 23) atos como parte da jornada internacional em solidariedade às mulheres e povos que lutam contra a militarização das Américas. Em São Paulo, militantes da Marcha Mundial das Mulheres (MMM), do Centro Brasileiro de Luta pela Paz (Cebrapaz) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) entregaram carta destinada ao presidente da Colômbia no consulado, e realizaram ato com panfletagem no centro da cidade.

- Arquivo MMM

Desde o último dia 16, cerca de 2500 mulheres, camponeses, indígenas, jovens, negros, sindicalistas realizam na Colômbia o Encontro de Mulheres e Povos das Américas contra a militarização. Na segunda-feira (23), realizam uma vigília em Barrancabermeja. A MMM e os demais movimentos envolvidos no encontro convocaram para este dia manifestações em solidariedade a esta luta em todas as partes do mundo.

A Juan Manuel Santos 

No período da manhã, as entidades brasileiras protocolaram, no consulado da Colômbia em São Paulo, carta endereçada ao novo presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos. O documento denuncia que "os paramilitares atuam com total impunidade, amparados pela aberta omissão oficial e em conivência com os organismos de segurança do Estado".

À tarde, a manifestação foi convocada pela MMM, Via Campesina, Cebrapaz e outros movimentos que compõem a Campanha América Latina, um Continente de Paz. O ato aconteceu na Praça Ramos, local histórico de mobilizações dos movimento sociais. O ato foi marcado por uma panfletagem na praça e falas de denuncia da presença de tropas militares estrangeiras na América Latina, além de solidariedade com as mulheres e povos que resistem a essa estratégia imperialista. Durante o ato, a Guarda Civil Metropolitana da cidade de São Paulo tentou interromper a manifestação sob a falsa justificativa que os militantes estariam depredando o espaço público, em mais uma demonstração autoritária da Prefeitura de Gilberto Kassab, que criminaliza a luta social.

Ato em Mossoró

Em Mossoró no Rio Grande do Norte, os movimentos sociais que compõem o Grito dos Excluídos também realizaram uma ação de solidariedade. Foi feito um debate sobre o contexto de militarização da América Latina, que há anos tem seu território invadido pelas forças armadas de países estrangeiros, principalmente, os Estados Unidos. É o caso de países como Colômbia, Panamá e Haiti. Em seguida, realizaram o lançamento do vídeo da 3ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres, realizada em março deste ano, em São Paulo. Um dos eixos temáticos da Ação intitula-se “Paz e Desmilitarização” e enfatiza os efeitos negativos da militarização sobre a vida das mulheres.

Sônia Coelho (MMM), na foto, e Rubens Diniz (Cebrapaz) falaram sobre a Campanha América Latina, um Continente de Paz, contra bases militares estrangeiras na América Latina

Militarização, uma estratégia imperialista

A militarização tem sido o principal instrumento dos EUA para dominar os povo. Em todo o mundo, os Estado Unidos possuem quase mil bases militares, e na América Latina é evidente o processo de ocupação que eles querem implantar. Sob a falsa justificativa de que o narcotráfico é um mal que destruirá o continente americano, os EUA tentam implantar sete bases militares em pontos estratégicos da Colômbia. “A América Latina é o continente do futuro, nossas riquezas naturais, podem garantir nossa autossuficiência e é por isso que os imperialistas estadunidenses querem ocupar a América Latina, mas os lutadores e lutadoras sociais da América não permitirão” disse Sônia Coelho, militante da MMM de São Paulo.

A Colômbia tem uma série de acordos com os EUA desde 1952. Em 2000, o Plano Colômbia marcou um conjunto de regras multilaterais para o controle do tráfico ilícito de substâncias entorpecentes. O pais é marcado por mais de 30 anos de conflitos armados, nos quais já morreram 40 mil pessoas. Com o pretexto de auxiliar no combate ao narcotráfico, centenas de tropas militares estadunidenses desembarcam cotidianamente no país, aumentando a situação de violência a qual a população colombiana é submetida, e ocultando os interesses econômicos por trás do conflito na Colômbia: a manutenção do controle dos recursos naturais, do território e do povo, além de desestabilizar os processos políticos de mudança no continente.

Da redação, Luana Bonone, com MMM e MST