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Ministro reitera que economia desacelerou no segundo trimestre

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, previu nesta segunda-feira, 30, no 7º Forum de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo, um crescimento de 0,5% a 1% para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no segundo trimestre em relação ao primeiro, o que indica desaceleração. O dado oficial será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na próxima sexta-feira.

Ele explicou que a economia brasileira certamente crescerá a uma taxa menor do que a observada no primeiro trimestre deste ano – que foi de 2,7% ante o quarto trimestre de 2009 e de 9% ante o primeiro trimestre do ano passado. "Eu não vou cravar o número aqui, prefiro trabalhar com o intervalo de 0,5% a 1%", disse o ministro.

Cerca de 7% no ano

Segundo Mantega, o mercado estava pessimista em relação ao PIB de 2010, mas agora já crava expectativas em torno de 7% (na pesquisa Focus divulgada hoje, é de 7,09%), mesmo prognóstico da Fazenda. "Esta será a maior taxa de crescimento dos últimos 24 anos. Só em 1986, tivemos crescimento parecido." Para o período de 2011 a 2014, o ministro acredita que a economia brasileira tem condições de crescer a uma taxa média anual de 5,8%. "Para 2011, acreditamos num crescimento em torno de 5%. Nós acreditamos em crescimento sustentado e com qualidade", disse o ministro.

O ministro da Fazenda também rebateu as avaliações de que há um processo de desindustrialização em curso no País, tese defendida pelo presidente em exercício da Federação da Indústria de São Paulo (Fiesp), Benjamin Steinbruch, no mesmo seminário.

Mercado interno

"Não vejo processo de desindustrialização", disse Mantega. "Claro que, com a crise de 2008, houve uma redução das exportações de manufaturados, mas eu não chamo isso de desindustrialização", afirmou ele, acrescentando que a produção industrial deve fechar o ano com crescimento expressivo ante 2009.

Ele afirmou que a base maior para o crescimento da indústria nacional é o mercado interno, que foi fortalecido no governo Lula. "Vamos continuar crescendo. É claro que alguma indústria trabalha com componentes externos, mas o presidente da Fiesp (também presidente da Companhia Siderúrgica Nacional) trabalha com a siderurgia, que perdeu espaço lá fora, mas está vendendo mais para construção civil no mercado interno. Garanto que não haverá desindustrialização", sentenciou o ministro. Ele também prevê o aumento da taxa de Formação Bruta de Capital Fixo (CBCF), ou taxa de investimentos, que deve chegar a 22% do PIB neste ano.

Crise nos EUA e Europa

Mantega considera que, em países mais desenvolvidos, é normal que o setor de serviços cresça mais e que indústria e agricultura cresçam menos. "No Brasil, a agricultura pesa menos no PIB e nem por isso podemos dizer que o setor cresce menos, porque temos uma agricultura das mais dinâmicas do mundo", disse o ministro.

Para o ministro, o enfraquecimento das economias desenvolvidas não vai impedir o Brasil de crescer com robustez. Mantega prevê tempos difíceis para as potências capitalistas, com expansão de apenas 1% para as economias dos países europeus e de 2,5% para os Estados Unidos.

Juros nas alturas

"Mas não vejo o perigo de dupla recessão. Haverá uma recuperação lenta", avalia. "O Brasil tem sabido transformar dificuldades em oportunidades. Até os juros altos podem ser uma vantagem porque podemos baixá-los para estimular a economia. O Bernanke (presidente do banco central dos EUA) está desesperado porque não tem como impulsionar a economia", complementou.

O ministro admitiu, porém, que a taxa básica de juros Selic "está longe da ideal". Ele enfatizou que o próximo governo está herdando uma economia sólida, que apresenta crescimento nos investimentos públicos e um setor de construção "bombando".

Com agências