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Dilma e Lula agendam 5 comícios em SP para fortalecer Mercadante

Com ao menos 20 pontos à frente do tucano José Serra nas últimas pesquisas eleitorais, a presidenciável Dilma Rousseff, da coligação Para o Brasil Seguir Mudando, vai selecionar mais suas próximas atividades e desencadear uma ofensiva sobre São Paulo. Para as últimas quatro semanas de campanha, já estão previstos cinco comícios de Dilma no estado — governado por Serra até abril e pelo PSDB há 16 anos.

Entre as regiões propostas para a realização dos comícios, é certa a escolha da Grande São Paulo (Guarulhos), do interior (Campinas) e da capital. Os outros locais ainda estão sendo avaliados. Santos, São José dos Campos, Ribeirão Preto e outras regiões da capital também são estudados. De qualquer maneira, já está definido que o ato de encerramento de campanha acontecerá na Praça da Sé, em 25 de setembro, um sábado.

Ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma assumiu o compromisso de tentar levar o senador Aloizio Mercadante ao segundo turno da eleição para o governo paulista. Em nota postada no Twitter na noite do último domingo, Mercadante destacou no que conta com a presença de Lula para turbinar sua campanha. “Nesta noite conversei longamente com o presidente Lula e Marisa. São Paulo vai ser prioridade para os dois”, escreveu o candidato.

A informação reforçou a estratégia que vem marcando seus discursos e suas inserções na televisão, quando Mercadante associa sua imagem à de Lula e dá ênfase a comparações entre a administração tucana em São Paulo e a gestão petista no governo federal. “Marcamos vários comícios com o presidente Lula na reta final. E com ele vamos vencer”, agregou no Twitter.

No horário eleitoral de segunda-feira (30), Mercadante arregimentou a linha de frente do partido e de sua coalizão no estado. Durante a veiculação do programa, Netinho de Paula, Eduardo Suplicy, Marta, Dilma e Lula apareceram em sequência tecendo elogios ao candidato ao governo. Mercadante se encontra com Lula, nesta terça-feira, em uma agenda oficial numa feira de agronegócio em Sertãozinho, no interior paulista.

Foi Lula, por sinal, quem farejou a possibilidade, ainda remota, de “sitiar, invadir e conquistar” a maior e mais importante cidadela tucana. O presidente se considera em dívida com Mercadante — que, a seu pedido, virou candidato a governador, embora estivesse muito bem posto na disputa pela reeleição ao Senado.

A entrada do horário eleitoral gratuito em rádio e TV — que passaram a ser veiculados em 17 de agosto — mudou a disputa. A ascensão de Dilma e, sobretudo, o declínio Serra abriram a brecha que faltava para intensificar a campanha de Mercadante e interromper a hegemonia tucana no estado.

Pesquisas favoráveis

Na opinião da cúpula petista, São Paulo seria um prêmio certamente inesperado para uma campanha organizada e bem resolvida politicamente, como é a de Dilma. Segundo o Datafolha, em apenas uma semana a candidata apoiada por Lula foi de 34% para 41% das intenções de votos do eleitorado paulista. Já o ex-governador Serra caiu de 41% para 36%. Na capital, Serra ainda está ainda menor — 35%.

Na disputa ao governo, o candidato tucano, Geraldo Alckmin, mantém larga vantagem — mas Mercadante começa a demonstrar sinais concretos de reação, conforme revela pesquisa Ibope divulgada na sexta-feira (27). O tucano caiu três pontos percentuais — de 50% para 47%. Mercadante, por sua vez, subiu nove pontos e saltou para 23%. Celso Russomanno (PP) atingiu 8%, Paulo Skaf (PSB) marcou 2% e Fábio Feldmann (PV) tem 1%.

Se as eleições ocorressem hoje, Alckmin ainda venceria no primeiro turno, com 13 percentuais a mais do que a soma de seus oponentes. Como ainda faltam 33 dias para as eleições de 3 de outubro, é quase consenso que, até o dia do pleito, a diferença pró-Alckmin deve se reduzir. Ainda mais se a tendência de mudança apontada na última pesquisa Ibope se mantiver.

Pesquisas qualitativas feitas a pedido do PT nas últimas duas semanas sinalizam grande potencial de transferência de votos de Lula para Mercadante, assim como aconteceu com Dilma. A aparição de Lula no programa eleitoral de Mercadante foi bem avaliada, e eleitores indecisos começaram a cogitar a possibilidade de votar no petista devido a essa associação de imagens.

As pesquisas recentes também indicam boa fatia do eleitorado que, já decidida a votar em Dilma por causa da influência de Lula, passou a considerar a possibilidade de escolher Mercadante ao tomar conhecimento de que ele também é apoiado pelo presidente. Dos eleitores de Dilma em São Paulo, 46% dizem que votarão em Mercadante, e 31% em Alckmin. Há um mês, apenas um terço dos "dilmistas" se declarava também eleitor de Mercadante.

Crescimento maior na capital

Mercadante aparece particularmente mais próximo de Alckmin entre eleitores da cidade de São Paulo. Entre o fim de julho e o fim de agosto, Mercadante subiu de 15% para 26% na capital, enquanto Alckmin caiu de 51% para 42%. O petista também subiu no interior (de 13% para 23%) e na Grande São Paulo (de 16% para 21%) — regiões onde o oponente tucano oscilou dentro da margem de erro, de três pontos porcentuais.

“A pesquisa mostra uma coisa que não é a história política. Mostra que a maior diferença está na Grande São Paulo, exatamente onde eu ganhei em algumas cidades (em 2006)”, analisa Mercadante. “Nas pesquisas que temos feito nas cidades da Grande SP, nosso desempenho é maior que média do estado. Pode ser um problema ainda de pesquisa. Vamos aguardar as próximas.”

As pesquisas se somam à implosão da candidatura Serra para deixar Lula, Dilma e o PT a cada dia mais ousados e confiantes. A avaliação da própria cúpula tucana reconheceu a condição de estadista do presidente Lula. Serra foi abandonado pelos candidatos aliados nos estados, enquanto Dilma consolida posição em todas as regiões do país.

De quebra, o PT tem tradição de crescimento na reta final de eleições, e Mercadante ainda está distante da média histórica de voto do PT no estado — em torno dos 30%. É preciso, entretanto, que Skaf e Russomano também avancem alguns pontos na intenção de voto — e os dois estão mais que dispostos a colaborar.

Algumas pesquisas qualitativas já registram um certo cansaço dos eleitores com a grande presença de Lula na campanha — o que não basta para tirar o otimismo do PT numa vitória de Dilma no primeiro turno. Tanto que o esforço em São Paulo é parte da agenda mais seletiva que a presidenciável pretende cumprir a partir de agora.

Além de alavancar Mercadante, a campanha Dilma quer manter Serra preso em São Paulo e ampliar a vantagem da candidata em outros estados estratégicos. O tucano — que acusou o golpe — esforça-se para defender os pontos que ainda detém no estado do qual esperava sair com uma vantagem entre quatro e seis milhões de votos.

Da Redação, com agências