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Internações de Quércia e Tuma afetam disputa pelo Senado em SP

Problemas de saúde de dois dos principais candidatos ao Senado em São Paulo podem alterar a disputa eleitoral no estado. Orestes Quércia (PMDB) e Romeu Tuma (PTB) estão internados no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, ainda sem previsão de alta. Com o afastamento temporário dos postulantes a um mês das eleições, a coligação “Pra você Crescer junto com São Paulo” deve reforçar a candidatura a senador de Marta Suplicy (PT) e de Netinho de Paula (PCdoB).

Quércia foi internado na terça-feira, mas há pelo menos uma semana, desde o dia 24 de agosto, não participa de eventos de campanha. A informação oficial é que o ex-governador de São Paulo e candidato ao Senado, de 72 anos, estava sentindo fortes dores e que, por isso, está fazendo exames para tentar diagnosticar o problema.

Há alguns meses, Quércia submeteu-se a uma cirurgia de hérnia de disco e, ainda segundo a assessoria do peemedebista, não teve tempo suficiente para recuperar-se devido à agenda intensa de atividades da campanha. Há cerca de dez anos, o peemedebista tratou de câncer de próstata.

No mesmo hospital internou-se Tuma, também afastado de compromissos políticos e eleitorais há alguns dias. Segundo a assessoria do senador do PTB, que tenta a reeleição, Tuma estava afônico e internou-se para realizar exames. O candidato, que deve completar 79 anos no próximo mês, é diabético.

Na tarde de ontem, havia rumores de que a internação se deu por conta de complicações da doença. Outro rumor era de que o senador foi internado devido à insuficiência cardíaca. As informações não foram confirmadas pelo hospital.

Pesquisas

O distanciamento dos dois candidatos da campanha política, ainda que por pouco tempo, na reta final das eleições, deve dar uma nova configuração à disputa. Segundo pesquisa do Datafolha divulgada no fim de semana, Quércia está em segundo lugar na corrida pelo Senado, com 26% das intenções de votos, pouco à frente de Netinho (PCdoB), com 24%.

Tuma está em quarto, com 16%, na disputa liderada por Marta Suplicy, com 32%. O PT aposta na possibilidade de conseguir o segundo voto dos eleitores paulistas, garantindo assim a eleição de Netinho.

O afastamento de postulantes da campanha ao Senado pode ajudar o PT a conquistar votos no interior, onde é mais fraco e os candidatos do PMDB e PTB têm peso. No interior, Marta está empatada com Quércia, com 27% das intenções de voto cada, segundo o Datafolha.

Na capital, a petista tem 41% e o pemedebista, 27%. Netinho, a exemplo de Marta, tem melhor desempenho eleitoral na capital, de acordo com o instituto de pesquisa.

Preocupação

Quércia é o principal quadro do PMDB no estado. Não só preside o diretório estadual como também compõe a chapa de Geraldo Alckmin (PSDB) na eleição paulista.

Longe da articulação política junto aos 69 prefeitos do partido, poderá abrir espaço para os petistas da coligação do candidato ao governo estadual do partido, Aloizio Mercadante, aproximar-se dos pemedebistas, alinhados ao PT no plano federal.

A saúde de Quércia, no entanto, é tratada com preocupação por aliados e opositores. "Esperamos que ele melhore o mais rápido possível e não vamos mudar nossa estratégia por conta da internação", comentou ontem o coordenador da campanha de Mercadante, o prefeito Emídio de Souza.

"Vamos continuar a campanha de Quércia mesmo se ele não puder participar das atividades de rua", disse o vereador Antonio Goulart (PMDB), primeiro suplente de Quércia na chapa.

Em nota a correligionários e integrantes de chapa, Quércia destacou a "extrema lealdade" do PMDB às candidaturas de Alckmin, dos tucanos José Serra (Presidência), Aloysio Nunes Ferreira (Senado), e à administração do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM). O peemedebista disse que se dedicaria à campanha de rádio e televisão, por conta de seus problemas de saúde.

A saúde do senador Tuma tornou-se motivo de preocupação de dirigentes do PTB. Afastado das atividades de campanha e do Senado, o parlamentar terá dificuldades para reeleger-se.

José Alencar

No mesmo hospital em que Tuma e Quércia se internaram estavam também o vice-presidente da República, José Alencar, e o senador Heráclito Fortes (DEM-PI). Alencar recebeu alta ontem, depois de ficar internado para tratar um quadro infeccioso.

Um pouco ofegante, Alencar disse, na saída do hospital, que se sentia bem, mas ressaltou que essa condição é relativa, dado o câncer que enfrenta. "Estou tendo mais uma alta, com fé em Deus que possa melhorar."

O vice-presidente informou ontem que vai passar de 10 a 12 dias descansando em Brasília. Além do tratamento com antibióticos a que foi submetido para conter a infecção, Alencar também passou pelo tratamento regular de quimioterapia.