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Eleições 2010: Movimentos apoiam Dilma para aprofundar mudanças 

Nada menos que 3 mil pessoas de todo o país participaram da Assembleia Nacional dos Movimentos Sociais, organizada no dia 31 de maio pela Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS). O resultado foi a plataforma popular intitulada Projeto Brasil 2010. A partir de então, foram realizadas inúmeras ações que mostram o engajamento das organizações por resultados eleitorais que favoreçam a implementação de suas propostas em defesa de um Brasil justo e desenvolvido. 

- Arquivo UNE

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João Paulo Rodrigues representa o MST na CMS

Durante a assembléia, o representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Paulo Rodrigues, declarou: “não viemos fazer comício para a Dilma, mas é bom dizer, para que não fiquem dúvidas: todos aqui queremos derrubar os tucanos em todo o país, porque representam o atraso, o retrocesso”. A opinião foi reforçada por João Pedro Stédile em entrevista recente: “Nesse cenário, nós achamos que a vitória da Dilma permitirá um cenário e correlação de forças mais favoráveis a avançarmos em conquistas sociais, inclusive em mudanças na política agrícola e agrária”, defendeu Stédile.

Além do MST, os demais movimentos que compõem a CMS estão em plena campanha, pelas suas plataformas e também em defesa dos candidatos e candidatas que melhor representam suas lutas. O movimento de moradia, por exemplo, realiza campanha pelo voto consciente. Mas, como uma boa atividade de movimento social, a campanha não se limita a combater a venda de votos ou algo parecido. O voto consciente inclui o compromisso de candidatos e candidatas com bandeiras levantadas pelas entidades.

Reunidas no Fórum Nacional de Reforma Urbana, as organizações d eluta pela moradia apresentam a Campanha Olho no seu Voto, uma plataforma de 12 pontos com os quais devem se comprometer os candidatos que quiserem conquistar os votos deste movimento.

Conam na etapa do Fórum Social Mundial de Porto Alegre, em janeiro deste ano

Conam pelo aprofundamento das mudanças

A Confederação Nacional de Associações de Moradores (Conam), no entanto, vai um pouco mais além. Apesar de não haver definido apoio oficial da entidade a nenhuma candidatura, documento assinado pela presidente da entidade, Bartíria Costa, sobre a Campanha Olho no seu Voto indica a importância de apontar “o aprofundamento das mudanças sociais iniciadas em 2002 com a eleição de Lula”. Bartíria participa ativamente das atividades de campanha da candidata do PT Dilma Rousseff e de candidatos a governo e a cargos proporcionais da sua coligação.

No movimento de mulheres e no movimento negro há entidades que definiram o apoio oficial à candidatura de Dilma Rousseff, como a União Brasileira de Mulheres (UBM) e a União de Negros pela Igualdade (Unegro), e entidades como a Marcha Mundial de Mulheres (MMM), que trabalham com plataforma, mas sem apoio a candidaturas, como é o caso da Marcha Mundial de Mulheres (MMM).

Edson França, durante a Semana Nacional da Consciência Negra, em maio de 2010

Nelson Mandela e Dilma Rousseff

Segundo o presidente nacional da Unegro, Edson França, a plenária Nelson Mandela, realizada em julho, definiu pelo aprofundamento do ciclo de mudanças iniciados nos dois mandatos do presidente Lula, através do apoio à eleição de Dilma Rousseff.

O evento, que Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), reuniu lideranças de 15 estados brasileiros. A Unegro também se posicionou contrária à política de repressão dos movimentos sociais e ampliação da desigualdade, presentes no projeto político neoliberal da coligação demo-tucana do candidato José Serra. A íntegra do documento “Carta de São Paulo” está disponível no Portal Vermelho.

A União Brasileira de Mulheres lançou, com panfletagens em todo o país, o manifesto da entidade em apoio à candidata Dilma Rousseff, aprovado em julho, como parte da campanha "Mulher, seu voto não tem preço".

UBM e a Semana Lilás

A UBM participa ainda da Semana Lilás, organizada pelo comitê de mulheres da campanha Dilma Rousseff, marcada para ocorrer a partir de 19 de setembro em todo o país. Apenas em São Paulo a abertura da semana será no dia 13.

Liege Rocha, durante atividade no Pará que debateu as eleições 2010 e a plataforma de mulheres

A dirigente nacional da UBM Liege Rocha valoriza a ação e conclama as mulheres à participação na vida política nacional: “podemos fazer política em todo lugar, no ônibus, em nossa família. Nós, mulheres, não somos mais coadjuvantes e sim atrizes principais da nossa história. Precisamos acabar com o mito de que mulher não gosta de política. Queremos lutar por uma equidade de gênero, mas respeitando as diferenças. A questão da emancipação das mulheres não é individual, e sim uma questão social”, ponderou e atividade da UBM realizada em Belém (PA) em julho deste ano.

A Marcha Mundial de Mulheres (MMM), movimento composto por correntes que apóiam a candidatura de Dilma e outras que apóiam a de Plínio Arruda Sampaio, debate a importância do protagonismo feminino na política, que cresce nessas eleições: “a participação das mulheres na política é fundamental. Mas não basta as mulheres estarem lá, é preciso que estas mulheres na política estejam comprometidas com a pauta feminista”, afirma Tica Moreno, uma das coordenadoras do movimento. Tica, que é apoiadora de Dilma, ressalta a importância também de aumentar a participação das mulheres no Congresso Nacional.

Imagem da Parada LGBT 2010, realizada em São Paulo

Saindo do armário, opinando nas urnas

A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), entidade que congrega 203 ONGs, também se mobiliza, com a campanha “Vote contra a homofobia. Defenda a cidadania”. A associação divulga, ainda, lista de candidatos e candidatas que se comprometeram com causa homossexual ou que tenham um histórico de defesa dela. “Queremos candidatos que estejam fora do armário na defesa dos nossos direitos”, afirmou o presidente da ABGLT, Toni Reis. Segundo estimativa oficial, os homossexuais representam 10% de toda a população brasileira.

Arregaçar as mangas 

Os movimentos sociais mostram-se animados com as perspectivas e dispostos a pressionar mais por mudanças, e por isso, em sua maioria, fazem campanha para a Dilma Rousseff, candidata que representa a continuidade do projeto que levou à eleição do presidente Lula em 2002 e em 2006, e que promete o aprofundamento do clima de democracia e do processo de mudanças inaugurados nesse governo.

A declaração de João Pedro Stédile sobre a participação do MST nas eleições sintetiza o compromisso militante que pode ser identificado em todas as entidades listadas nesta matéria: “Por isso, claro que todo militante do MST, como cidadão consciente, deve arregaçar as mangas e ajudar a eleger os candidatos mais progressistas em todos os níveis. Isso é uma obrigação de nosso compromisso com a classe”.

Da redação, Luana Bonone