Eleições 2010: Movimentos apoiam Dilma para aprofundar mudanças
Nada menos que 3 mil pessoas de todo o país participaram da Assembleia Nacional dos Movimentos Sociais, organizada no dia 31 de maio pela Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS). O resultado foi a plataforma popular intitulada Projeto Brasil 2010. A partir de então, foram realizadas inúmeras ações que mostram o engajamento das organizações por resultados eleitorais que favoreçam a implementação de suas propostas em defesa de um Brasil justo e desenvolvido.
Publicado 10/09/2010 16:23

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João Paulo Rodrigues representa o MST na CMS |
Durante a assembléia, o representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Paulo Rodrigues, declarou: “não viemos fazer comício para a Dilma, mas é bom dizer, para que não fiquem dúvidas: todos aqui queremos derrubar os tucanos em todo o país, porque representam o atraso, o retrocesso”. A opinião foi reforçada por João Pedro Stédile em entrevista recente: “Nesse cenário, nós achamos que a vitória da Dilma permitirá um cenário e correlação de forças mais favoráveis a avançarmos em conquistas sociais, inclusive em mudanças na política agrícola e agrária”, defendeu Stédile.
Além do MST, os demais movimentos que compõem a CMS estão em plena campanha, pelas suas plataformas e também em defesa dos candidatos e candidatas que melhor representam suas lutas. O movimento de moradia, por exemplo, realiza campanha pelo voto consciente. Mas, como uma boa atividade de movimento social, a campanha não se limita a combater a venda de votos ou algo parecido. O voto consciente inclui o compromisso de candidatos e candidatas com bandeiras levantadas pelas entidades.
Reunidas no Fórum Nacional de Reforma Urbana, as organizações d eluta pela moradia apresentam a Campanha Olho no seu Voto, uma plataforma de 12 pontos com os quais devem se comprometer os candidatos que quiserem conquistar os votos deste movimento.
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Conam na etapa do Fórum Social Mundial de Porto Alegre, em janeiro deste ano |
Conam pelo aprofundamento das mudanças
A Confederação Nacional de Associações de Moradores (Conam), no entanto, vai um pouco mais além. Apesar de não haver definido apoio oficial da entidade a nenhuma candidatura, documento assinado pela presidente da entidade, Bartíria Costa, sobre a Campanha Olho no seu Voto indica a importância de apontar “o aprofundamento das mudanças sociais iniciadas em 2002 com a eleição de Lula”. Bartíria participa ativamente das atividades de campanha da candidata do PT Dilma Rousseff e de candidatos a governo e a cargos proporcionais da sua coligação.
No movimento de mulheres e no movimento negro há entidades que definiram o apoio oficial à candidatura de Dilma Rousseff, como a União Brasileira de Mulheres (UBM) e a União de Negros pela Igualdade (Unegro), e entidades como a Marcha Mundial de Mulheres (MMM), que trabalham com plataforma, mas sem apoio a candidaturas, como é o caso da Marcha Mundial de Mulheres (MMM).
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Edson França, durante a Semana Nacional da Consciência Negra, em maio de 2010 |
Nelson Mandela e Dilma Rousseff
Segundo o presidente nacional da Unegro, Edson França, a plenária Nelson Mandela, realizada em julho, definiu pelo aprofundamento do ciclo de mudanças iniciados nos dois mandatos do presidente Lula, através do apoio à eleição de Dilma Rousseff.
O evento, que Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), reuniu lideranças de 15 estados brasileiros. A Unegro também se posicionou contrária à política de repressão dos movimentos sociais e ampliação da desigualdade, presentes no projeto político neoliberal da coligação demo-tucana do candidato José Serra. A íntegra do documento “Carta de São Paulo” está disponível no Portal Vermelho.
A União Brasileira de Mulheres lançou, com panfletagens em todo o país, o manifesto da entidade em apoio à candidata Dilma Rousseff, aprovado em julho, como parte da campanha "Mulher, seu voto não tem preço".
UBM e a Semana Lilás
A UBM participa ainda da Semana Lilás, organizada pelo comitê de mulheres da campanha Dilma Rousseff, marcada para ocorrer a partir de 19 de setembro em todo o país. Apenas em São Paulo a abertura da semana será no dia 13.
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Liege Rocha, durante atividade no Pará que debateu as eleições 2010 e a plataforma de mulheres |
A dirigente nacional da UBM Liege Rocha valoriza a ação e conclama as mulheres à participação na vida política nacional: “podemos fazer política em todo lugar, no ônibus, em nossa família. Nós, mulheres, não somos mais coadjuvantes e sim atrizes principais da nossa história. Precisamos acabar com o mito de que mulher não gosta de política. Queremos lutar por uma equidade de gênero, mas respeitando as diferenças. A questão da emancipação das mulheres não é individual, e sim uma questão social”, ponderou e atividade da UBM realizada em Belém (PA) em julho deste ano.
A Marcha Mundial de Mulheres (MMM), movimento composto por correntes que apóiam a candidatura de Dilma e outras que apóiam a de Plínio Arruda Sampaio, debate a importância do protagonismo feminino na política, que cresce nessas eleições: “a participação das mulheres na política é fundamental. Mas não basta as mulheres estarem lá, é preciso que estas mulheres na política estejam comprometidas com a pauta feminista”, afirma Tica Moreno, uma das coordenadoras do movimento. Tica, que é apoiadora de Dilma, ressalta a importância também de aumentar a participação das mulheres no Congresso Nacional.
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Imagem da Parada LGBT 2010, realizada em São Paulo |
Saindo do armário, opinando nas urnas
A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), entidade que congrega 203 ONGs, também se mobiliza, com a campanha “Vote contra a homofobia. Defenda a cidadania”. A associação divulga, ainda, lista de candidatos e candidatas que se comprometeram com causa homossexual ou que tenham um histórico de defesa dela. “Queremos candidatos que estejam fora do armário na defesa dos nossos direitos”, afirmou o presidente da ABGLT, Toni Reis. Segundo estimativa oficial, os homossexuais representam 10% de toda a população brasileira.
Arregaçar as mangas
Os movimentos sociais mostram-se animados com as perspectivas e dispostos a pressionar mais por mudanças, e por isso, em sua maioria, fazem campanha para a Dilma Rousseff, candidata que representa a continuidade do projeto que levou à eleição do presidente Lula em 2002 e em 2006, e que promete o aprofundamento do clima de democracia e do processo de mudanças inaugurados nesse governo.
A declaração de João Pedro Stédile sobre a participação do MST nas eleições sintetiza o compromisso militante que pode ser identificado em todas as entidades listadas nesta matéria: “Por isso, claro que todo militante do MST, como cidadão consciente, deve arregaçar as mangas e ajudar a eleger os candidatos mais progressistas em todos os níveis. Isso é uma obrigação de nosso compromisso com a classe”.
Da redação, Luana Bonone