O efeito bumerangue

Texto de Milton Alves*


Charge de Clayton, em O Povo (CE).

O presidente tem razão. Lula afirmou no horário eleitoral que a campanha de Serra partiu para a baixaria, atacando a campanha de Dilma com base num factoide mal explicado, nebuloso. Na verdade, o alto comando tucano já vinha caminhando nessa direção. Serra num primeiro momento tentou agradar o eleitorado simpático ao governo, elogiando Lula e os programas sociais. A manobra não deu certo, afinal a população sabe muito bem quem conduziu com êxito os programas e políticas públicas de inclusão e distribuição de renda. Manobra fracassada, os tucanos tentaram de tudo para crescer alguns pontinhos nas pesquisas eleitorais, aí veio a “febre” dos debates na televisão, era a esperança. Toda a crença tucana contava que Dilma fracassaria nos debates televisivos. Nada disso aconteceu, ao contrário, Dilma teve um excelente desempenho.

No mesmo período, segunda quinzena de agosto, Dilma continuou avançando nas pesquisas e Serra em queda livre. Sem rumo, em crise, a campanha de Serra procurava se agarrar em alguma boia, tentando ganhar algum fôlego. Com um empurrão da mídia dos monopólios, a campanha tucana embarcou com tudo na onda da quebra de sigilo fiscal de algumas pessoas vinculadas ao PSDB, caso com investigação em andamento e eivado de contradições. Todo o esforço da mídia e do PSDB nos últimos dias foi centrado no objetivo de vincular o episódio da quebra do sigilo com a campanha de Dilma. Essa manobra também vem fazendo água. Ou seja, todo o barulho dos tucanos e de seus aliados da Globo/Folha/Estadão também não prosperou. A tentativa de nublar o debate das propostas, e do aberto confronto político entre o campo liderado por Lula e Dilma versus a oposição conservadora, não tem prevalecido. E tudo indica que o eleitor já fez a sua opção. Ao lançar o bumerangue da baixaria, Serra não levou em conta o vento (ou tsunami) a favor de Dilma.

* Milton Alves é presidente do PCdoB PR e membro do Comitê Central do Partido.

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