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Crise afetou absorção de novos trabalhadores em 2009, avalia Ipea

A dificuldade do mercado de trabalho brasileiro em absorver novos indivíduos ao longo do ano passado foi decorrente da crise econômica, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). De acordo com a análise, baseada em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número total de pessoas ocupadas teve um crescimento menor do que o registrado ao longo da década e foi mais baixo também do que o crescimento populacional.

O economista do Ipea Carlos Henrique Corseuil comentou que o número total de ocupados cresceu em ritmo mais lento do que vinha avançando em 2008 porque não foram gerados postos de trabalho suficientes para manter a taxa de desemprego. Para ele, isso mostra que o mercado de trabalho em 2009 teve dificuldade de absorver o crescimento do contingente populacional. “Em 2009, a gente teve reflexos da crise no mercado de trabalho”, disse.

A população em idade ativa (PIA) em 2009 chegou a 160,4 milhões de pessoas. Deste total, 59,5% faziam parte da população economicamente ativa (PEA), ou seja, estavam inseridas no mercado de trabalho, somando 86,7 milhões de ocupados e 8,6 milhões de desempregados.

De 2008 para 2009, o crescimento da PEA, de 2,2% (2,06 milhões de pessoas), foi superior ao avanço da PIA, de 1,4% (2,23 milhões de pessoas), ou seja, descontada a demografia, houve pressão sobre o mercado de trabalho. Isso se deve ao fato de que, em períodos de crise, familiares que não trabalhavam passaram a procurar emprego para complementar a renda doméstica.

Houve aumento da participação das mulheres na PEA de 48,8% em 2008 para 49,7% no ano passado. O economista do IPEA lembra que, apresar de a crise ter tido efeito sobre a capacidade de absorção de indivíduos no mercado de trabalho, não houve piora na qualidade dos postos de trabalho.

O rendimento médio do trabalhador continuou crescendo, tendo atingido em 2009 o maior valor da década, de R$ 1.068,39, mas essa elevação pode também estar relacionada ao crescimento da participação de indivíduos com maior escolaridade no mercado de trabalho.

Além disso, houve um crescimento das ocupações formais, com a respectiva queda das informais. A taxa de informalidade do trabalho em 2009, de 48,5%, foi a menor da década.

Fonte: Valor