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Partidos comunistas europeus comemoram êxito da Jornada de Ação

O movimento sindical obteve sucesso nas mobilizações contra planos de austeridade na Europa, nesta quarta-feira (29). A jornada de ação ocorreu em 13 capitais, entre elas Bruxelas (Bélgica), sede da União Europeia, que reuniu milhares de pessoas, oriundas de 24 países. Os partidos comunistas de Portugal e da Espanha comemoram o êxito da mobilização e engrossam a pressão aos governantes. Nesta quinta (30), organizações religiosas também se manifestam pelo combate à pobreza no velho continente.

- PCP

A marcha em Bruxelas (Bélgica) foi o ato principal do "Dia de Ação Europeu" – como batizou a Confederação Europeia de Sindicatos (CES), responsável pela passeata.Sob o lema "Não à austeridade. Prioridade ao emprego e ao crescimento", os sindicatos europeus reuniram 56 mil pessoas, segundo estimativas da Polícia de Bruxelas, embora a CES afirme que o número de manifestantes tenha atingido os 100 mil.

Foto: AFP
Segundo as organizações sindicais, manifestantes de 24 países participaram das atividades em Bruxelas (Bélgica), sede da União Europeia, enquanto a Comissão Executiva da UE se reunia para definir os planos de austeridade em seus países-membro

A manifestação terminou sem incidentes registrados, segundo a Polícia local, que efetuou um total de 218 detenções de pessoas que levavam objetos considerados perigosos. Após a marcha, o secretário geral da CES, John Monks e os líderes dos principais sindicatos belgas foram recebidos pelo presidente da Comunidade Europeia (CE),  José Manuel Durão Barroso, pelo comissário europeu de Assuntos Sociais, Laszlo Andor, e pelo primeiro-ministro belga e presidente rotativo da União Europeia (UE), Yves Leterme.

Enquanto a manifestação chegava ao Parque do Cinquentenário, próximo à sede da CE, a Executiva da União Europeia apresentava um pacote de medidas para ampliar a vigilância sobre as políticas fiscais, macroeconômicas e reformas estruturais dos Estados-membros. Ao expor o conjunto de medidas, Barroso expressou sua "absoluta certeza" de que as propostas econômicas da Comissão "são as melhores para a defesa dos interesses dos trabalhadores europeus", opinião que corresponde aos interesses dos grandes monopólios e do capital financeiro, em total antagonismo com os anseios dos trabalhadores.

O líder sindical Monks qualificou os planos da CE de "loucura" e ressaltou que os sindicatos "são conscientes de que os governos têm déficits grandes", mas pedem aos países "calma", "que não entrem em pânico" e que concentrem seu gasto público no fomento do emprego, em particular o dos jovens. Monks manifestou ainda seu apoio à greve geral realizada na Espanha, já que o país "aplicou as piores medidas de austeridade de toda a UE depois da Grécia".

Foto: Salvador Sas/EFE
Em Mercamadrid, um dos maiores mercados de abastecimento do país, um piquete integrado por umas 600 pessoas paralisou a entrada dos caminhões. Em Barcelona, os piquetes formaram barricadas com pneus em chamas para impedir o acesso das transportadoras.

Greve na Espanha

A Espanha esteve ontem em greve geral, com manifestações nas maiores cidades contra a reforma trabalhista e as medidas de austeridade do Governo de José Luis Zapatero. As greves foram convocadas pelos principais sindicatos (CCOO e UGT). Embora os sindicatos reivindiquem participação de aproximadamente 70% dos trabalhadores, o governo e a imprensa local minimizam a greve e os seus impactos.

José Luis Centella, Secretário Geral do Partido Comunista da Espanha (PCE) parabenizou os trabalhadores e os sindicatos pelo êxito da Greve Geral, com adesão média de 71,70%, o que representa cerca de 10 milhões de assalariados. Este êxito, explica Centella, tem que se traduzir em uma retificação do governo, que tem a obrigação de chamar os sindicatos e negociar para modificar esta reforma trabalhista, a política de cortes sociais e suas ameaças de aumentar a idade para a aposentadoria.

Centella lamentou ainda que o parlamento não representa o povo na Espanha e denunciou a agressividade com que as forças policiais têm tratado as manifestações, momento em que clamou pela libertação dos 30 detidos em Madri. Desejou, ainda, rápida recuperação aos feridos. Nesta quinta-feira, haverá nova manifestação na capital espanhola, marcada para ter início às 18h30.

Fotos: PCP
Lisboa foi tomada por manifestações organizadas pela CGTP

Povo tomou as ruas de Lisboa e Porto 

Em Portugal, dezenas de milhares de trabalhadores, do setor público e privado, marcaram presença nas grandes manifestações ocorridas nas cidades de Lisboa e Porto, convocadas pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Portugueses (CGTP).

O coordenador da União dos Sindicatos do Porto, João Torres, avisou na quarta-feira (29), durante a manifestação do Dia Europeu de Ação que se realizou no Porto, que "se o Governo não ceder, os trabalhadores também não cedem". João Torres foi incisivo, afirmando que os trabalhadores "podem endurecer as formas de luta".

O Secretário Geral do Partido Comunista Português (PCP), Jerônimo de Sousa, apelou à resistência e luta dos trabalhadores e do povo contra esta brutal ofensiva e o partido lançou um documento em que classifica as medidas de austeridade “uma autêntica cruzada contra a soberania dos povos e contra os Estados-Membros da União Europeia com economias mais frágeis”.

Veja a declaração do secretário geral do PCP:

Religiosos contra a pobreza

Nesta quinta-feira (30), religiosos também se manifetam. A Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia (COMECE) e as Caritas da Europa farão apelo ao Parlamento Europeu, em Bruxelas, através do documento "Não negar a justiça aos pobres", que apresenta uma análise caracterizada pela falência dos compromissos assumidos no combate à pobreza e a exclusão.

A apresentação do documento hoje em Bruxelas se insere no quadro das iniciativas para o Ano Europeu de combate à pobreza e a exclusão social. Além da COMECE e da Caritas da Europa, trabalharam na elaboração do documento as organizações cristãs da federação Eurodiaconia e a Conferência das Igrejas Européias (CEC/KEK), associação que reúne as principais Igrejas protestantes, ortodoxas e anglicanas. (MJ)

Da redação, Luana Bonone com agências