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El Salvador: PCdoB participa das comemorações dos 30 anos da FMLN

Mais de 200 mil salvadorenhos, provenientes de todo o país responderam ao chamado da Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional (FMLN) no último domingo, 10, para comemorar os 30 anos de fundação da organização e reiterar apoio ao governo do presidente Mauricio Funes, há um ano e cinco meses no cargo. Convidado a participar das atividades, o PCdoB foi representado por Ronaldo Carmona, da Comissão Internacional.

PCdoB em El Salvador

O massivo ato foi o ápice de quatro dias de intensas atividades em torno da data comemorativa da principal força política de El Salvador. Dentre as ações realizadas estavam uma reunião do Grupo de Trabalho do Foro de São Paulo – na qual os partidos de esquerda da América Latina atualizaram a análise sobre a situação política da região – e um jantar com o presidente Mauricio Funes, na Casa Presidencial, dentre outras atividades.

Reunião do Foro de São Paulo

O Grupo de Trabalho do Foro de São Paulo – instância de coordenação do Foro entre um encontro e outro e da qual o PCdoB é membro – se reuniu na sexta-feira, 8, na Casona, como é conhecida a sede de eventos da FMLN. Estavam presentes mais de 20 partidos e organizações de toda a América Latina e Caribe.

A reunião foi aberta com apresentação sobre a situação brasileira, cinco dias após as eleições de 3 de outubro. O secretário executivo do Foro e membro da direção do PT brasileiro, Valter Pomar, deu um panorama geral sobre o quadro político advindo dos resultados eleitorais e Ronaldo Carmona, pelo PCdoB, complementou a análise.

O representante do PCdoB destacou que o segundo turno poderá abrir espaço para uma maior politização das eleições presidenciais, sendo necessário para isso deixar mais nítido que “dois projetos antagônicos de país estão em disputa”. Carmona destacou ainda a ampla votação de Dilma no primeiro turno, o crescimento parlamentar dos partidos membros do Foro de São Paulo que apoiam Dilma (PT, PSB e PCdoB), a vitória em importantes governos estaduais e as “fragorosas derrotas de cardeais das forças de direita” no Senado brasileiro, que, por exemplo, bloquearam por meses a fio o ingresso da Venezuela no Mercosul, jogando contra o avanço da integração regional.

Diversos partidos membros do Foro, no curso do debate, manifestaram sua confiança na vitória da esquerda brasileira no segundo turno, destacando sua importância para a continuidade do avanço das forças democráticas e progressistas na América Latina.

Nas informações sobre as situações nacionais, destaca-se a intervenção da senadora Glória Inês Ramirez, do Pólo Democrático Alternativo (PDA) e dirigente do Partido Comunista Colombiano. A parlamentar fez um vivo depoimento sobre a ofensiva das forças de direita em seu país. Ela destacou as ameaças à democracia em seu país a partir da reforma do Código Penal para processar parlamentares por delito de opinião, como se deu com a recente cassação do mandato da senadora Piedad Cordoba, afastada de seus direitos políticos por 18 anos por suposta colaboração com as Farc.

Além de Piedad, a própria Gloria Inês sofre ameaça de destituição por delito de opinião. Além disso, estão sendo reabertos na procuradoria do seu país processos contra 40 membros do Partido Comunista Colombiano, dentre eles o secretário-geral da organização e vereador na capital Bogotá, Jaime Caycedo.

Gloria Inês ironizou ainda o anúncio que o governo colombiano que teria achado 18 notebooks intactos na operação que matou Mono Jojoy, líder das Farc, após intenso bombardeio e renovou apelos a uma saída política e negociada para o conflito colombiano. Em solidariedade ao povo colombiano, acertou-se que a próxima reunião do Grupo de Trabalho se realizará em Bogotá, em novembro próximo.

A reunião também valorizou positivamente o 16º Encontro do Foro de São Paulo, realizado em agosto, em Buenos Aires, da qual participou numerosa delegação do PCdoB. O Grupo de Trabalho aprovou a data do 17º Encontro, que será em Manágua, na Nicarágua, iniciando-se no dia 18 de maio de 2011, por ocasião dos 116 anos do nascimento de Augusto César Sandino, herói nacional da luta de libertação do povo nicaragüense, encerrando-se no dia 21 de maio. No final de 2011 ocorrem eleições presidenciais no país, com a candidatura à reeleição do presidente Daniel Ortega, da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN).

Presidente Mauricio Funes recebe Foro de São Paulo

No sábado, dia 9, o presidente da República de El Salvador, Mauricio Funes abriu o Salão de Honra da Casa Presidencial, sede do governo salvadorenho, para receber em jantar o Grupo de Trabalho do Foro de São Paulo (ver foto, com o Grupo de Trabalho).

Funes havia acabado de regressar de Cuba, onde segunda e terça-feira, 4 e 5 de outubro, se converteu no primeiro presidente salvadorenho a visitar Havana. Um de seus primeiros atos de governo, ao tomar posse em 1º de junho de 2009 foi exatamente o de restabelecer relações de El Salvador com Cuba, rompidas desde 1961 por ordens do governo norte-americano. Funes, que viajou a Havana acompanhado de 45 empresários, comemorou acordos assinados, que inclui as áreas de turismo, alimentos, exportação de plásticos de El Salvador para Cuba e importação de metal-mecânicos de Cuba para El Salvador, além de medidas no setor de saúde.

O presidente Funes destacou ainda a prioridade de seu governo a integração regional, com ênfase no SICA (Sistema de Integração de “Centro América”) e realçou sua firme posição contra o golpe em Honduras.

Sobre a situação salvadorenha, Funes destacou que as forças de direita em seu país, que classificou como das mais atrasadas e reacionárias da América latina, todavia não foram derrotadas e mantêm expressivas cotas de poder, em especial através dos meios de comunicação. O presidente também destacou a herança recebida, de um Estado mínimo, frente às “necessidades sociais máximas”, e o grave problema de segurança pública, como uma média de 18 assassinatos ao dia, no pequeno país de pouco mais de 21 mil quilômetros quadrados e 6 milhões de habitantes. Soma-se a isso o fato de as remessas enviadas ao país por cerca de 2,5 milhões de salvadorenhos radicados nos EUA – e que correspondem a cerca de 20% do PIB do país – terem sido fortemente afetadas pela crise econômica eclodida em 2008. Os Estados Unidos também são para onde vão 66% as exportações salvadorenhas. Sob impacto da crise, o PIB caiu 3% em 2009 e deverá crescer modesto 1% em 2010.

Funes destacou a centralidade de recuperar a agricultura salvadorenha e o aparato produtivo do país, mas destacou as dificuldades para fazê-lo diante da dolarização da economia, herança recebida dos governos de direita, que impedem o país de ter política econômica autônoma.

A despeito das dificuldades, Funes apresentou um balanço positivo de seu pouco mais de um ano de governo, destacando a orientação social como grande marca de mudanças no período inicial de governo. Falou ainda sobre o crescimento das matrículas escolares, com a simples entrega de uniforme e o oferecimento de alimentação escolar, além da reforma no sistema de saúde, onde se destaca a adoção de um programa similar aos médicos de família.

O PCdoB participou das atividades de aniversário da FMLN junto com diversos outros convidados, entre eles o deputado Ricardo Alarcon, presidente da Assembleia Nacional do Poder Popular de Cuba, a senadora colombiana Piedad Cordoba e vários outros.

As atividades de aniversário

As atividades começaram com duas atividades, na sexta-feira, dia 8, em homenagem aos internacionalistas estrangeiros que colaboraram com a guerrilha. Pela manhã, foi feita oferenda floral na Escola de Quadros da FMLN e a noite, numa recepção marcada pela emoção, foram agraciados com diplomas de reconhecimento os diversos heróis internacionalistas, incluindo familiares dos mártires caídos em combate.

No sábado, dia 9, após a inauguração de monumentos em homenagem a Farabundo Marti e a Mélida Anayas Montes, a “comandante Ana Maria” morta no período da Guerra Civil, foi inaugurada a Escola da Juventude “Schafik Handal”.

Na Escola, localizada numa área rural na província de Cuscatlán, os convidados estrangeiros realizaram uma longa conversa com os principais dirigentes da FMLN, incluindo o vice-presidente Salvador Sanchez Cerén, sobre a estratégia e a tática do Partido para o país.

A FMLN caracteriza o governo de Mauricio Funes como de transição e de união nacional. Buscará um novo mandato presidencial a partir de 2014, que procurará aprofundar mudanças no país. Em El Salvador não há reeleição presidencial e a FMLN terá outro candidato nas eleições de 2014.

É grande o debate na FMLN e na sociedade salvadorenha sobre o ritmo das mudanças no país. Nas palavras de um dirigente da Frente, a grande questão a ser enfrentada pelo governo Funes é dar passos na “reativação do aparato produtivo do país”, isto num contexto de economia dolarizada e, portanto, de inexistência de autonomia de política econômica.

Os dirigentes da FMLN e o próprio presidente Funes se preocupam com ameaças de golpe no país, ao estilo Honduras. Entretanto, explicam, a força e o enraizamento da FMLN em El Salvador faz o cenário de um golpe algo muito mais difícil de executar que o foi no caso hondurenho, com a fragilidade política e organizativa das forças que sustentavam o governo de Manuel Zelaya.

Reunião da Copppal

O PCdoB participou ainda, na qualidade de observador, na última segunda-feira, dia 11, em San Salvador, da abertura da XXIX Reunião Plenária da Copppal (Conferência Permanente de Partidos Políticos da América Latina), onde o presidente Mauricio Funes fez pronunciamento de abertura no qual destacou as iniciativas de seu governo nestes um ano e cinco meses.

Da redação, com informações da Secretaria de Relações Internacionais